Que a campanha de Donald Trump tem atraído um eclético espectro de apoiadores todo mundo sabe. Ainda assim, é sempre surpreendente vê-los em ação. Na noite desta quinta-feira, Peter Thiel, cofundador do serviço de pagamentos PayPal e um dos primeiros investidores do Facebook, subiu ao palco no último dia da convenção do Partido Republicano para demonstrar seu apoio ao magnata e falar de seu orgulho por ser “americano, gay e republicano”. 

O apoio tem causado uma cizânia no Vale do Silício. Os empreendedores de tecnologia costumam votar nos democratas, e têm dito que Trump seria um desastre para a inovação por suas barreiras a imigrantes. Há algumas semanas, 140 deles assinaram um manifesto contra o candidato. O próprio Thiel é filho de alemães que se mudaram para a América quando ele tinha um ano, mas os muros e preconceitos do seu candidato não parecem incomodar. 

A homossexualidade foi pela primeira vez tema de uma convenção do partido. Em seu discurso, Thiel alfinetou os republicanos, que têm sido radicais em relação aos direitos LGBT. “Quando eu era criança, o grande debate era sobre como derrotar a União Soviética. Nós vencemos. Agora, nós somos avisados de que o grande debate é sobre quem deve usar qual banheiro. Isso é uma distração dos nossos problemas reais. Quem se importa?”, disse. Foi ovacionado. Trump havia defendido a liberdade de as pessoas escolherem o banheiro quem bem entenderem.

Se o depoimento vai trazer votos para Trump, é cedo para saber. Mas serviu para um amplo grupo de americanos conhecer um empresário tão polêmico quanto o candidato. Thiel já criticou o voto para mulheres e financiou processos contra um site de fofocas crítico a seu respeito. Ele nunca se preocupou em fazer amigos. Nem Trump. De certa forma, tem dado certo para os dois.