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Testemunhas de acidente na Espanha tentam voltar à rotina

"Deve ter havido algo, porque esse trem passa todos os dias aqui, lento como o bicho da seda", gesticula com o braço Manuel, um morador da região

Ao contrário de ontem, Manuel é um dos poucos que na manhã desta sexta-feira foi ver os trabalhos de recuperação da zona, onde ainda estão alguns dos vagões (Aeromedia.es/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2013 às 16h22.

Santiago de Compostela (Espanha) - Os moradores de Angrois, a pequena cidade da Galícia onde o descarrilamento de um trem matou 78 pessoas, voltam à rotina tentando superar os momentos dramáticos em que muitos deles demonstraram generosidade e solidariedade.

Angrois é uma região residencial a poucos quilômetros de Santiago de Compostela. Seus moradores foram os primeiros a socorrer as vítimas na noite da quarta-feira, depois de ouvir o enorme estrondo do acidente.

"Deve ter havido algo, porque esse trem passa todos os dias aqui, lento como o bicho da seda", gesticula com o braço Manuel, um morador que não consegue entender a velocidade com que o trem Alvia fez a curva logo antes da entrada da capital galega.

Ao contrário de ontem, Manuel é um dos poucos que na manhã desta sexta-feira foi ver os trabalhos de recuperação da zona, onde ainda estão alguns dos vagões.

Praticamente só jornalistas ainda circulam pelas imediações do acidente. Muitos dos moradores, inclusive, se recusam a falar com a imprensa depois da superexposição dos últimos dias.

Entre os que prestaram socorro no dia do acidente está Ricardo, um padeiro de 47 anos que na quarta-feira dormia na hora da passagem do trem para enfrentar o dia que, por causa da profissão começa de madrugada.

Ao saber o que tinha ocorrido, Ricardo pegou um martelo para quebrar os vidros dos vagões e foi até a linha. Foi um dos primeiros, contou, a chegar lá e ajudar a tirar sobreviventes e vítimas fatais do trem.

Paula e a avó Josefa também foram para o local do acidente assim que ouviram o estrondo. Nenhuma das duas entende o que aconteceu. "Fomos das primeiras pessoas a chegar, vimos gente caída no chão, os vagões pegando fogo, pessoas pedindo ajuda", relembrou Paula, com lágrimas nos olhos.

Ela conta que a polícia não as deixava descer, e quando se distraíram, foram até a linha. Paula lembra de outro acidente, há cerca de 15 anos, quando uma criança foi atropelada por um trem - não havia cercas como hoje, cercada por espinhos e adornada com um laço negro improvisado - e deixou Androis sem um parquinho, retirado e nunca reposto.

Por isso as crianças brincam agora em outro lugar, próximo a onde caiu o vagão que voou neste acidente. "A primeira coisa em que pensamos foi nas pessoas que estavam nos bancos da praça e nas crianças que brincavam ali", rememora, antes de dizer que, em Angrois, a vida demorará a voltar a ser igual, caso isso ainda seja possível.

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"Deve ter havido algo, porque esse trem passa todos os dias aqui, lento como o bicho da seda", gesticula com o braço Manuel, um morador que não consegue entender a velocidade com que o trem Alvia fez a curva logo antes da entrada da capital galega.

Ao contrário de ontem, Manuel é um dos poucos que na manhã desta sexta-feira foi ver os trabalhos de recuperação da zona, onde ainda estão alguns dos vagões.

Praticamente só jornalistas ainda circulam pelas imediações do acidente. Muitos dos moradores, inclusive, se recusam a falar com a imprensa depois da superexposição dos últimos dias.

Entre os que prestaram socorro no dia do acidente está Ricardo, um padeiro de 47 anos que na quarta-feira dormia na hora da passagem do trem para enfrentar o dia que, por causa da profissão começa de madrugada.

Ao saber o que tinha ocorrido, Ricardo pegou um martelo para quebrar os vidros dos vagões e foi até a linha. Foi um dos primeiros, contou, a chegar lá e ajudar a tirar sobreviventes e vítimas fatais do trem.

Paula e a avó Josefa também foram para o local do acidente assim que ouviram o estrondo. Nenhuma das duas entende o que aconteceu. "Fomos das primeiras pessoas a chegar, vimos gente caída no chão, os vagões pegando fogo, pessoas pedindo ajuda", relembrou Paula, com lágrimas nos olhos.

Ela conta que a polícia não as deixava descer, e quando se distraíram, foram até a linha. Paula lembra de outro acidente, há cerca de 15 anos, quando uma criança foi atropelada por um trem - não havia cercas como hoje, cercada por espinhos e adornada com um laço negro improvisado - e deixou Androis sem um parquinho, retirado e nunca reposto.

Por isso as crianças brincam agora em outro lugar, próximo a onde caiu o vagão que voou neste acidente. "A primeira coisa em que pensamos foi nas pessoas que estavam nos bancos da praça e nas crianças que brincavam ali", rememora, antes de dizer que, em Angrois, a vida demorará a voltar a ser igual, caso isso ainda seja possível.

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