México: cerca de 600 policiais, soldados, bombeiros e socorristas rastreavam a zona, concentrando seus esforços em Huauchinango (Luis Echeverria / Reuters)
Da Redação
Publicado em 8 de agosto de 2016 às 18h18.
Com pás e cães farejadores, equipes de soldados e socorristas procuravam nesta segunda-feira mais vítimas dos deslizamentos de terra e desabamentos no México decorrentes da já dissipada tempestade tropical Earl, que deixou ao menos 45 mortos e centenas de evacuados.
A zona mais afetada foi a serra norte do estado de Puebla (centro), onde o céu permanece com espessas nuvens cinzas e os deslizamentos ainda são visíveis nas estradas.
"Lamento informar que o número de falecidos aumentou para 32" nesta zona, ao menos 15 deles menores de idade, disse o governador de Puebla, Rafael Moreno Valle, após visitar algumas comunidades onde várias casas ficaram soterradas pelos deslizamentos.
Ainda "há comunidades incomunicadas, estamos tendo trabalho para chegar à região administrativa do município de Tlaola (...), acrescentou o governador, que afirmou não ter um número confirmado de desaparecidos.
Cerca de 500 famílias foram evacuadas e levadas para abrigos, onde fizeram exames médicos para evitar surtos epidemiológicos, segundo autoridades locais.
"Na noite de sábado, se formou uma avalanche no centro de Xaltepec (...) e nossa casa foi levada inteira", contou à AFP Claudio Cruz, um pedreiro de 32 anos que se refugiou com sua esposa em um abrigo no município de Huauchinango, a cerca de 200 km da Cidade do México.
Durante a tempestade "acabou a luz, e lá embaixo nos pediam ajuda, mas nós já não conseguíamos nos mover", acrescentou este homem a quem não restaram mais pertences que a roupa do corpo.
Cerca de 600 policiais, soldados, bombeiros e socorristas rastreavam a zona, concentrando seus esforços em Huauchinango.
"Lá, neste fim de semana, aconteceu a maior precipitação de água de que se tem registro, 265,5 milímetros acumulados em 24 horas. Ou seja, quase a totalidade de precipitações de um mês inteiro em uma só noite", disse o secretário-geral de governo de Puebla, Diódoro Carrasco.
As chuvas torrenciais também causaram deslizamentos em estradas, duas pontes sobre o rio Necaxa foram danificadas, e algumas comunidades sofreram cortes de energia, descreveu o governo de Puebla.
Segundo o presidente Enrique Peña Nieto, "foram tomadas ações para levantar os censos" sobre danos para ressarcir o patrimônio das famílias.
Depois de chegar a se converter em furacão de categoria 1 na escala de Saffir-Simpson, que vai até 5, o Earl perdeu força ao tocar a costa de Belize. Entrou no México pelo estado de Tabasco (sul) na noite de quinta, já como tormenta tropical, terminando no mesmo dia.
Outros 13 mortos em Veracruz
O fenômeno meteorológico também atingiu as montanhas de Coscomatepec, Tequila e Huayacocotla, no estado vizinho de Veracruz, onde mais de 11.000 pessoas foram afetadas e 2.262 casas danificadas.
"Temos 13 pessoas falecidas em Veracruz", disse a secretária de Proteção Civil do estado, Yolanda Gutiérrez, ao visitar o município de Tlalixcoyan, um dos mais afetados.
As últimas vítimas morreram quando suas casas foram soterradas pelos deslizamentos de terra, ou afogados ao serem arrastados pelos rios cheios, acrescentou Gutiérrez, que pediu ao governo federal que declare estado de emergência em 60 municípios.
Um grupo de geólogos fazem estudos para determinar se as pessoas que vivem nas zonas afetadas podem voltar para as suas casas ou se deverão ser realocadas.
Tempestade Javier
Nesta segunda-feira, a tempestade tropical Javier, formada no Pacífico no domingo, continuava se aproximando do litoral do noroeste do México, situando-se cerca de 90 km ao sudeste do turístico Cabo San Lucas, no estado de Baja California Sur, segundo a Comissão Nacional de Água (Conagua).
As autoridades suspenderam as aulas no balneário, fecharam os portos para qualquer tipo de navegação e habilitaram 18 abrigos.
"Estamos prontos para abrigar cerca de 6.000 pessoas", informou o diretor local de Proteção Civil, Marco Antonio Vázquez.
Às 15h no horário de Brasília, o fenômeno avançava em direção ao noroeste a 17km/h, com ventos máximos sustentados de 85 km/h e rajadas de até 100 km/h, causando tempestades intensas e torrenciais no oeste e no noroeste do México, segundo a Conagua.
Segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NCH), o fenômeno vai enfraquecer nos próximos dias ao tocar terra, até alcançar a categoria de depressão tropical no meio da semana.
Em setembro de 2014, o balneário de Los Cabos, destino favorito de muitos turistas americanos, sofreu o impacto do furacão Odile, que deixou seis mortos e perdas materiais milionárias.
Em setembro de 2013, os quase simultâneos furacões Ingrid e Manuel deixaram 157 pessoas mortas no estado de Guerrero (sul), das quais cerca de 50 tinham ficado soterradas em um deslizamento de terra no povoado de La Pintada.