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Tempestade de inverno 'histórica' afeta o Natal nos Estados Unidos

Mais de 240 milhões de pessoas, ou 70% da população do país, foram afetadas na sexta-feira por alertas ou pedidos de precaução

A cidade de Birmingham, Michigan, sob neve após a forte tempestade que afeta os Estados Unidos (AFP/AFP)

A cidade de Birmingham, Michigan, sob neve após a forte tempestade que afeta os Estados Unidos (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 24 de dezembro de 2022 às 13h15.

Mais de um milhão de residências sem energia elétrica, milhares de voos cancelados, rodovias fechadas e vários acidentes fatais: os Estados Unidos se preparavam neste sábado para o Natal após uma tempestade de inverno que provocou grandes transtornos.

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"Histórica", segundo o Serviço Meteorológico Nacional (NWS), a tempestade que afeta boa parte do país provocou nevascas intensas, rajadas de gelo e temperaturas que chegaram a 48 graus negativos em algumas áreas, o que transforma água fervendo em gelo em questão de segundos.

Mais de 240 milhões de pessoas, ou 70% da população do país, foram afetadas na sexta-feira por alertas ou pedidos de precaução.

O fenômeno provocou o caos no sistema de transportes, no momento em que milhões de americanos viajam para as festas de fim de ano.

No estado de Nova York, o governo decretou a proibição de viagens no condado de Erie.

"Ficamos em casa. Não consigo ver o outro lado da rua por causa da neve", declarou à AFP Jennifer Orlando, na cidade de Hambourg, ao sul de Buffalo.

A colisão de um veículo contra uma linha de energia deixou sua residência sem luz por quatro horas, conta.

Quase 1,5 milhão de casas ficaram energia elétrica na sexta-feira, principalmente nos estados da Carolina do Norte, Maine e Virginia, segundo o site especializado poweroutage.us. Na manhã de sábado, mais de um milhão de residências permaneciam no escuro.

A tempestade afetou uma área que vai da fronteira com o Canadá, no norte, até a fronteira com o México, no sul.

Em El Paso, Texas, abrigos foram criados para que os migrantes procedentes do México evitassem crises de hipotermia.

Muitos, no entanto, têm medo das autoridades migratórias e "dormem apenas com cobertores", afirmou à AFP Rosa Falcón, uma professora e voluntária de 56 anos.

Caos nos transportes

Na sexta-feira, o site especializado FlightAware registrou 5.500 voos cancelados nos Estados Unidos. Os aeroportos mais afetados foram os de Seattle (noroeste), Nova York, Chicago e Detroit.

Para chegar a Los Angeles, Christine Lerosen não conseguiu embarcar em Vancouver, no Canadá, e teve que convencer o irmão a levá-la até Seattle, para embarcar em outro avião, com uma escala em Denver.

"Meu voo de Seattle atrasou, meu voo de Denver atrasou e a agora perdi a bagagem", disse ao canal ABC 7.

Vários estados declararam situação de emergência, incluindo Nova York, Oklahoma, Kentucky, Geórgia e Carolina do Norte.

Com a visibilidade próxima de zero, as nevascas e geadas que afetam grande parte do país transformam as estradas em áreas muito perigosas.

"As pessoas deveriam ficar em casa, não se aventurar nas estradas", disse à CNN o governador do Kentucky, Andy Beshear. "Sua família quer ver você em casa para o Natal, mas querem mais ainda vê-lo com vida", acrescentou.

Beshear confirmou que três pessoas morreram em acidentes de trânsito nas rodovias do Kentucky.

Em Oklahoma, pelo menos duas pessoas morreram nas estradas. Em Ohio, um acidente que envolveu 50 veículos provocou uma morte, segundo a imprensa local. Em Michigan, uma colisão de nove caminhões paralisou o trânsito na sexta-feira.

- "Ciclone bomba" -

A tempestade de intensidade incomum foi provocada por uma "bomba de baixa pressão": um choque entre duas massas de ar, uma muito fria do Ártico e outra tropical do Golfo do México, com o agravante de uma queda repentina da pressão atmosférica, em menos de 24 horas.

Este tipo de tempestade acontece "apenas uma vez por geração", segundo o escritório do NWS em Buffalo.

Em Chicago, onde a temperatura caiu a -20°C durante a sexta-feira, a organização de ajuda para desabrigados Night Ministry estava preocupada com o número de camas disponíveis na cidade, considerado insuficiente.

"Algumas pessoas que estamos recebendo agora ficaram sem casa este ano", disse À  AFP Caleb Senn, diretor do Exército da Salvação em Chicago.

"Alguns estão realmente assustados. Esta é a primeira vez ficam à mercê do tempo ruim sem ter para onde ir", acrescentou.

O Canadá também enfrenta o fenômeno, com alertas de frio extremo, tempestades e até nevascas para grande parte do território.

Em Toronto, no entanto, as temperaturas gélidas não desanimaram Jennifer Campbell a fazer compras de Natal de última hora no centro da cidade.

"Temos grandes tempestades com frequência e nos adaptamos", afirmou a turista de Ontario. "Somos canadenses, vivemos assim".

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