'Tarifa Milei' e 'Tarifa Massa': bilhete de metrô gera polêmica na eleição da Argentina
Governo cria programa oficial para que eleitores da oposição deixem de receber desconto se quiserem
Repórter de macroeconomia
Publicado em 19 de outubro de 2023 às 13h55.
Última atualização em 21 de outubro de 2023 às 10h45.
O preço dos bilhetes de metrô e trens de Buenos Aires viraram um tema de disputa eleitoral na Argentina. A poucos dias das eleições, o Ministério dos Transportes criou umacampanha para destacar que a tarifa do transporte público é subsidiada, para tentar demonstrar que, se a oposição vencer as eleições presidenciais, o preço da passagem vai subir.
Nesta quarta, 19, anúncios em algumas estações passaram a mostrar quanto o bilhete custará se cada candidato ganhar. O primeiro turno das eleições presidenciais será realizado no domingo, 22, e a disputa se concentra entre oatual ministro da Economia, Sergio Massa, a candidata de centro-direita Patricia Bullrich e o ultraliberal Javier Milei.
A campanha diz que a "Tarifa de trens Massa" custa 56,23 pesos, e que a "Tarifa Milei" e a "Tarifa Bullrich" custariam 1.100 pesos por viagem, querendo mostrar que o preço pode subir quase 20 vezes se os rivais do governo ganharem a eleição. O governo diz que a ação foi feita por sindicatos, que compraram espaços publicitários nos paineis das estações por conta própria.
Diego Giuliano, ministro dos Transportes, criou há poucos dias um programa oficial em que os usuários podem dizer se querem ou não pagar a tarifa com desconto. "Aquele que vota em Milei deveria se retirar do subsídio, porque se você vai votar pela eliminação do subsídio e o usa, você está tendo uma atitude de contradição", disse, em entrevista a uma rádio.
Patricia Bullrich, candidata da oposição, atacou a campanha, em uma rede social. "Passaram de todos os limites. De verdade, estão usando o dinheiro do povo para fazer esse tipo de campanha suja, ministro Massa?". Sua coligação entrou na Justiça questionando o programa do Ministério dos Transportes, por considerar a medida como um ato de campanha irregular.
"Te dói que os sindicatos contem em seus espaços a verdade ao povo? Conte, Patrícia, que retirar o subsídio coloca o bilhete neste valor", rebateu Giuliano, em uma rede social.
Na Argentina, os transportes públicos recebem subsídio do governo federal, o que faz com que os cidadãos paguem um valor abaixo do custo real de operação do sistema. No Brasil, várias cidades, como São Paulo, atuam da mesma forma, mas o dinheiro do subsídio vem dos cofres municipais.
A oposição defende que a Argentina precisa cortar gastos públicos, e parte dos vários programas de subsídio, para conseguir conter a inflação e equilibrar a economia do país, que enfrenta uma forte crise pela alta de preços, falta de dólares e forte desvalorização do peso.
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