Talibãs se modernizam para tentar voltar ao poder
Base do grupo agora é formada 90% por jovens; internet e Twitter viraram arma para propaganda
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2011 às 17h29.
Cabul - Dez anos após serem expulsos do poder pelos ocidentais, os talibãs se reforçam, se modernizam, principalmente em termos de organização e comunicação, e ganham terreno, a ponto de observadores considerarem que um dia voltarão ao poder.
Rapidamente derrubados e dados como destruídos pela coalizão militar liderada pelos Estados Unidos no final de 2001, os talibãs se reagruparam em meio à população e no exterior, principalmente no vizinho Paquistão.
Assim, renasceram a partir de 2004, primeiro em seus tradicionais redutos no sul e no leste, para depois ganhar terreno e controlar ou influenciar um terço do país, apesar do aumento regular do contingente da Otan, hoje formado por 14.000 homens.
Os efetivos do Talibã, que chegam a milhares, registraram uma rápida renovação.
"Eu tenho em minha tropa 10% de antigos combatentes (originários do regime Talibã entre 1996 e 2001) e 90% de novos recrutas", explicou à AFP o mulá Noor-Ul Aziz, que era até o ano passado o "líder fantasma" dos rebeldes na província de Cunduz.
"Muitos jovens combatentes se juntaram aos talibãs por causa dos abusos das forças estrangeiras, porque elas mataram muitos civis inocentes", afirmou este homem, o mais importante do Talibã que desertou para se juntar ao governo.
A maioria dos jovens recrutas é composta por afegãos que passaram suas infâncias em campos de refugiados no Paquistão, para onde suas famílias fugiram da sangrenta guerra civil dos anos de 1990. A maior parte dos líderes talibãs vive neste país, segundo especialistas.
Se os jovens combatentes são tão radicais como os mais velhos, seu movimento pelo menos adota uma postura mais aberta em matéria de comunicação.
Enquanto o antigo regime Talibã proibiu a televisão, os novos líderes utilizam a internet para fazer propaganda, postam principalmente vídeos de ataques ou execuções sangrentas para seduzir os jovens e utilizam o twitter para o site "A voz do Jihad".
Mas alguns grupos ainda são tão radicais quanto os mais velhos, enviam cartas de ameaça para desencorajar as mulheres que trabalham, atacam as mulheres na política ou as filhas que frenquentam as escolas.
Contudo, outros escolheram uma postura menos radical, acredita o analista político Ahmed Saeedi. "Eles tendem a ser mais compreensivos. Não criticam os que não usam barba e nem se importam com as roupas", explica, sem descartar a possibilidade de essa ser uma tática para agradar a população.
No plano militar, os ocidentais ressaltam que os rebeldes evitam os combates frontais e privilegiam cada vez mais os atentados suicidas e o assassinato de líderes ligados ao governo. "Eles estão atacando seu próprio povo", lamenta o porta-voz da Otan (Isaf), o General Carsten Jacobson.
Segundo a ONU, os talibãs são responsáveis por 80% das vítimas civis do conflito, um número contestado pelos insurgentes.
O presidente Hamid Karzai pediu em vão que os talibãs negociassem a paz nos últimos anos, mas os rebeldes repetem que não vão dialogar enquanto todos os soldados estrangeiros não deixarem o país.
Com a retirada das tropas de combate da Otan programada para o fim de 2014, muitos observadores acreditam que os talibãs retornarão ao poder.
"Se os americanos deixarem o país, os talibãs vão retomar o poder sem dúvida alguma", diz o analista político afegão Harun Mir.
A atitude dos Estados Unidos sobre esta questão continua ambígua. Washington negocia atualmente com Cabul uma "parceria estratégica" que prevê a manutenção de um contingente americano no Afeganistão depois de 2014.
Cabul - Dez anos após serem expulsos do poder pelos ocidentais, os talibãs se reforçam, se modernizam, principalmente em termos de organização e comunicação, e ganham terreno, a ponto de observadores considerarem que um dia voltarão ao poder.
Rapidamente derrubados e dados como destruídos pela coalizão militar liderada pelos Estados Unidos no final de 2001, os talibãs se reagruparam em meio à população e no exterior, principalmente no vizinho Paquistão.
Assim, renasceram a partir de 2004, primeiro em seus tradicionais redutos no sul e no leste, para depois ganhar terreno e controlar ou influenciar um terço do país, apesar do aumento regular do contingente da Otan, hoje formado por 14.000 homens.
Os efetivos do Talibã, que chegam a milhares, registraram uma rápida renovação.
"Eu tenho em minha tropa 10% de antigos combatentes (originários do regime Talibã entre 1996 e 2001) e 90% de novos recrutas", explicou à AFP o mulá Noor-Ul Aziz, que era até o ano passado o "líder fantasma" dos rebeldes na província de Cunduz.
"Muitos jovens combatentes se juntaram aos talibãs por causa dos abusos das forças estrangeiras, porque elas mataram muitos civis inocentes", afirmou este homem, o mais importante do Talibã que desertou para se juntar ao governo.
A maioria dos jovens recrutas é composta por afegãos que passaram suas infâncias em campos de refugiados no Paquistão, para onde suas famílias fugiram da sangrenta guerra civil dos anos de 1990. A maior parte dos líderes talibãs vive neste país, segundo especialistas.
Se os jovens combatentes são tão radicais como os mais velhos, seu movimento pelo menos adota uma postura mais aberta em matéria de comunicação.
Enquanto o antigo regime Talibã proibiu a televisão, os novos líderes utilizam a internet para fazer propaganda, postam principalmente vídeos de ataques ou execuções sangrentas para seduzir os jovens e utilizam o twitter para o site "A voz do Jihad".
Mas alguns grupos ainda são tão radicais quanto os mais velhos, enviam cartas de ameaça para desencorajar as mulheres que trabalham, atacam as mulheres na política ou as filhas que frenquentam as escolas.
Contudo, outros escolheram uma postura menos radical, acredita o analista político Ahmed Saeedi. "Eles tendem a ser mais compreensivos. Não criticam os que não usam barba e nem se importam com as roupas", explica, sem descartar a possibilidade de essa ser uma tática para agradar a população.
No plano militar, os ocidentais ressaltam que os rebeldes evitam os combates frontais e privilegiam cada vez mais os atentados suicidas e o assassinato de líderes ligados ao governo. "Eles estão atacando seu próprio povo", lamenta o porta-voz da Otan (Isaf), o General Carsten Jacobson.
Segundo a ONU, os talibãs são responsáveis por 80% das vítimas civis do conflito, um número contestado pelos insurgentes.
O presidente Hamid Karzai pediu em vão que os talibãs negociassem a paz nos últimos anos, mas os rebeldes repetem que não vão dialogar enquanto todos os soldados estrangeiros não deixarem o país.
Com a retirada das tropas de combate da Otan programada para o fim de 2014, muitos observadores acreditam que os talibãs retornarão ao poder.
"Se os americanos deixarem o país, os talibãs vão retomar o poder sem dúvida alguma", diz o analista político afegão Harun Mir.
A atitude dos Estados Unidos sobre esta questão continua ambígua. Washington negocia atualmente com Cabul uma "parceria estratégica" que prevê a manutenção de um contingente americano no Afeganistão depois de 2014.