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Talibã reprime com violência primeiro protesto no Afeganistão

Apesar dos riscos, centenas de manifestantes marcharam pela principal rua comercial, assobiando, gritando e ostentando grandes bandeiras da República Afegã

Combatentes do Talibã em 17 de agosto de 2021, depois que o Talibã assumiu o controle da capital e derrubou o governo do Afeganistão (HOSHANG HASHIMI/AFP/Getty Images)

Combatentes do Talibã em 17 de agosto de 2021, depois que o Talibã assumiu o controle da capital e derrubou o governo do Afeganistão (HOSHANG HASHIMI/AFP/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de agosto de 2021 às 12h59.

Apesar das tentativas de moderação no discurso e promessas de modernização em relação ao período em que esteve no poder pela primeira vez (1996-2001), o Talibã reagiu com violência à primeira tentativa de oposição ao grupo desde a tomada de Cabul, no último domingo (15). Os insurgentes reprimiram um protesto na cidade de Jalalabad, no leste do país, abrindo fogo contra a multidão e agredindo manifestantes e jornalistas.

O ato oposicionista, que ocorreu nesta quarta-feira, 18, foi motivado pela troca da bandeira oficial do país - preta, vermelha e verde -, pela bandeira branca com uma inscrição que representa o Talibã e o Emirado Islâmico, que foi implementado pelo grupo quando esteve no poder. Os manifestantes tentaram impedir a troca e acabaram sendo violentamente agredidos.

Testemunhas ouvidas por agências de notícias internacionais e pela mídia local afirmam que pessoas morreram durante o confronto, mas até o momento não foram divulgadas informações oficiais sobre a real dimensão da repressão do Talibã contra os manifestantes. Em um vídeo gravado no momento da confusão é possível ver uma multidão carregando as bandeiras do país e, posteriormente, o som de tiros. Pelas imagens, não é possível afirmar se alguém se feriu.

O Talibã assumiu o controle da cidade quatro dias antes, sem muita resistência, depois que um acordo foi negociado com os líderes locais. Durante a semana, os insurgentes realizaram patrulhas pela cidade em caminhonetes apreendidas da agora extinta força policial.

Apesar dos riscos, centenas de manifestantes marcharam pela principal rua comercial, assobiando, gritando e ostentando grandes bandeiras da República Afegã. Os combatentes do Talibã atiraram para o alto para dispersar a multidão, mas os manifestantes não se dispersaram, mostra vídeo transmitido pela mídia local. Quando isso falhou, os combatentes recorreram à violência.

A manifestação e a resposta violenta ameaçaram minar os esforços da liderança do Talibã de se apresentar como administradores responsáveis pelo governo. A revolta pública veio quando o Talibã se preparava para dar detalhes sobre como será seu governo, nomeando ministros e preenchendo cargos-chave.

"Não queremos mais que o Afeganistão seja um campo de batalha", disse Zabihullah Mujahid, o porta-voz chefe do Talibã, em uma coletiva de imprensa na terça-feira, 16. "De hoje em diante, a guerra acabou".

Enquanto muitos eram céticos quanto a essas garantias, em Cabul, os ritmos da vida diária começaram a retornar - mas eles estavam reduzidos em muitos aspectos. Havia visivelmente menos mulheres nas ruas. Algumas das que se aventuraram a sair não se cobriram com a burca tradicional, a mortalha de corpo inteiro que cobre o rosto necessária na última vez em que o Talibã governou. 

Protestos ao redor do mundo:

1. Bruxelas

Manifestantes afegãos participam de um protesto contra a tomada do Afeganistão pelo Taleban em Bruxelas em 18 de agosto de 2021. (ULIETTE BRUYNSEELS / BELGA / AFP)

2. Londres

Manifestantes protestam contra o Taleban e exigem direitos humanos no Afeganistão enquanto os parlamentares realizam um debate sobre a crise no Afeganistão na Câmara dos Comuns em 18 de agosto, 2021 em Londres, Inglaterra (Barcroft Media / Colaborador)

3. Barcelona

Cerca de cem mulheres participaram de uma manifestação feminista em frente à sede das Nações Unidas em Barcelona, ​​Espanha, em 17 de agosto de 2021, para exigir uma resposta internacional urgente para proteger as mulheres e meninas afegãs (DAX Images / NurPhoto)

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