Mundo

Sultanato de Brunei introduz lei islâmica

Brunei, situado na ilha de Bornéu, adotou a sharia, ou lei islâmica, que prevê, entre outras coisas, o apedrejamento em caso de adultério

Hasanal Bolkiah: sultão de Brunei tentava instaurar a sharia desde 1996 (AFP)

Hasanal Bolkiah: sultão de Brunei tentava instaurar a sharia desde 1996 (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2013 às 14h49.

Última atualização em 3 de abril de 2019 às 18h27.

Brunei — O pequeno sultanato de Brunei, situado na ilha de Bornéu, adotou nesta terça-feira a instauração da sharia, ou lei islâmica, que prevê, entre outras coisas, o apedrejamento em caso de adultério.

O sultão Hassanal Bolkiah, um dos homens mais ricos do mundo, anunciou em um discurso oficial a promulgação de um novo código penal islâmico que entrará progressivamente em vigor nos próximos seis meses e só será aplicado aos muçulmanos.

A nova legislação prevê a amputação de membros como punição para os ladrões, a flagelação em caso de consumo de álcool ou aborto e o apedrejamento como castigo para os adúlteros.

"Com a entrada em vigor desta legislação, cumprimos nosso dever com Alá", declarou o sultão.

O sultanato de Brunei, um Estado minúsculo situado na costa norte da ilha de Bornéu, é um dos países mais ricos do mundo graças aos seus imensos recursos em hidrocarbonetos.

Dois terços de seus 400.000 habitantes são muçulmanos, 13% da população é budista e 10% é cristã.

O islã é a religião oficial do país, considerado mais conservador que seus vizinhos, como Malásia e Indonésia.

O consumo de álcool está proibido e a prática de outras religiões é administrada por uma regulamentação rígida.


Brunei já conta com dois sistemas judiciais: um civil e outro islâmico. Este último se ocupa dos litígios menos graves, como os matrimoniais.

O sultão Hassanal Bolkiah tentava instaurar a sharia desde 1996.

As críticas políticas são muito escassas neste pequeno país, mas a aplicação da sharia se converteu em uma fonte de discórdia.

Muitos habitantes consideram que a iniciativa do sultão contradiz com a abertura internacional e a modernidade crescentes do reino. Também pensam que não está em conformidade com a mentalidade dos malaios, a etnia majoritária, que tem uma visão mais flexível da lei islâmica.

"Parece-me quase incompatível com a cultura malaia, que é tranquila", declarou Tuah Ibrahim, um motorista de bote-táxi da capital, Bandar Seri Begawan.

"Não imagino que meu país se torne uma nova Arábia Saudita", afirmou.

Sua Majestade Paduka Seri Baginda Sultan Haji Hassanal Bolkiah Mu'izzaddin Waddaulah, como é chamado oficialmente, reina como monarca absoluto neste pequeno território desde 1967, ano em que sucedeu seu pai.

O sultão é conhecido por sua imensa riqueza, estimada em 20 bilhões de dólares pela revista americana Forbes. Prova disso é sua coleção de milhares de carris Rolls-Royce, Aston-Martin e Lamborghini.

Nos últimos anos ele parece ter se voltado a uma maior ortodoxia islâmica. O sultão tornou obrigatório o ensino da religião para todas as crianças muçulmanas e o fechamento de todas as lojas durante a oração das sextas-feiras.

Acompanhe tudo sobre:BruneiIslamismoMuçulmanos

Mais de Mundo

Em primeiro comício desde saída de Biden, Kamala afirma que seu governo será 'do povo'

Capitólio dos EUA se blinda contra possíveis protestos durante visita de Netanyahu

Kamala e democratas aceleram estratégia de atacar Trump em comício em Milwaukee

Líderes do Senado e da Câmara dos EUA endossam candidatura de Kamala Harris

Mais na Exame