Mulher espera para se registrar em programa de distribuição de alimentos, no Sudão do Sul, dia 26/02/2018 (Siegfried Modola/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 6 de março de 2024 às 07h40.
A guerra de quase 11 meses entre generais rivais no Sudão pode “desencadear a pior crise de fome do mundo”, alertou o Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM), nesta quarta-feira.
O conflito entre o chefe do exército, Abdel Fatah al Burhan, e o seu antigo subordinado Mohamed Hamdan Daglo, comandante das Forças Paramilitares de Apoio Rápido (FAR), deixou dezenas de milhares de mortos, infra-estruturas destruídas e uma economia abalada.
Também deslocou mais de oito milhões de pessoas, além de dois milhões que abandonaram as suas casas antes do conflito, tornando-a a maior crise de deslocamento do mundo.
- Milhões de vidas e a paz e estabilidade de toda uma região estão em jogo - alertou a diretora executiva do PAM, Cindy McCain.
- Há vinte anos, Darfur era a maior crise de fome do mundo e o mundo apressou-se a responder - disse ela, referindo-se à vasta região do oeste do Sudão. - Mas hoje, o povo do Sudão foi esquecido - completou.
Tanto as FAR como o exército foram acusados de bombardeios indiscriminados de áreas residenciais, atacando civis e impedindo a entrega de ajuda vital.
O PAM não consegue, atualmente, alcançar 90% das pessoas que enfrentam “níveis emergenciais de fome” e apenas 5% da população sudanesa “pode pagar uma refeição por dia”.
Nos campos de trânsito no Sudão do Sul, para onde fugiram 600 mil sudaneses, “as famílias chegam com fome e ficam ainda mais famintas”, alertou a agência da ONU.
O PAM acrescentou que em cada cinco crianças que atravessam a fronteira, uma está subnutrida.
Em todo o Sudão, 18 milhões de pessoas enfrentam grave insegurança alimentar e, dessas, cinco milhões enfrentam níveis catastróficos de fome, a classificação de emergência mais elevada antes da fome.