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Subsídios a combustíveis fósseis esquenta debate na Rio+20

Muitos dos palestrantes acreditam que o corte dos subsídios possa ter um impacto negativo sobre a economia

“O petróleo fácil e barato acabará nas próximas décadas”, alertou Kornelis Blok, fundador da Ecofys Group (Alexander Joe/AFP)

“O petróleo fácil e barato acabará nas próximas décadas”, alertou Kornelis Blok, fundador da Ecofys Group (Alexander Joe/AFP)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2012 às 15h38.

Rio de Janeiro - Anualmente são gastos 400 a 600 bilhões de dólares em subsídios aos combustíveis fósseis. Com o crescimento da população mundial, que pode chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050, serão necessários 180 bilhões de barris de petróleo para suprir a demanda global.

“O petróleo fácil e barato acabará nas próximas décadas”, alertou Kornelis Blok, fundador da Ecofys Group, consultoria especializada em energias sustentáveis. Fora isso, não será mais viável para a atmosfera e o meio ambiente absorverem o CO2 emitido nessa escala.

“Poderíamos usar uma fração desse dinheiro usado nos subsídios para implementar tecnologias já existentes, como é o caso da biomassa”, afirmou Thomas Nagy, vice-presidente executivo da Novozymes, empresa de biotecnologia. Sem dúvida nenhuma, o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis foi o grande tema do debate “Energia Sustentável para Todos”, parte dos Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável, realizados no Riocentro, no Rio de Janeiro.

Entretanto, muitos dos palestrantes acreditam que o corte dos subsídios possa ter um impacto negativo sobre a economia. “Temos que discutir caso a caso. Na utilização doméstica em pequenas comunidades , por exemplo, é melhor o uso do gás do que a lenha, já que o desmatamento provoca o aquecimento global”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa, secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

“Não é possível criar uma fórmula igual para todos os países, é preciso utilizar iniciativas e inovações locais”, complementou Changhua Wu, diretora do The Climate Group.

Outro ponto bastante debatido pelos especialistas foi o acesso à energia. 1,3 bilhão de pessoas no mundo ainda não têm acesso à energia moderna. “Permitir esse acesso é reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento”, disseBrian Dames, CEO da Eskom, maior empresa de eletricidade da África do Sul.


Todavia, ainda hoje, 2/3 da eletricidade gerada mundialmente vem do carvão, em um processo extremamente poluente. “O crescimento energético terá que ser suprido por outras formas de energias limpas”, afirmou Vasco Dias, presidente da Raízen Energia.

A boa notícia é que já existem opções de fornecimento de energia com geração baixa de carbono. Estima-se que atualmente 17% do consumo global é suprido através de fontes renováveis. Esse é um setor em que trabalham 5 milhões de pessoas e os custos dessa energia limpa foram reduzidos em 50% no ano passado.

O Brasil foi citado por ser um país em que 40% da energia vem de fontes renováveis, principalmente a produzida por usinas hidrelétricas. Na área de biocombustíveis, em que o país é líder nas pesquisas mundiais, questionou-se se essa não seria a solução para o fornecimento de energia no uso doméstico. “O caminho pode ser o uso dos resíduos agrícolas para a produção de biomassa”, acredita Thomas Nagy.

Mais otimista, Kornelis Blok afirmou que até 2050 a energia sustentável deverá ser uma fonte viável, segura e disponível em larga escala. “Nossa maior preocupação é que essa energia seja produzida e gerada de forma eficiente”. Para que o afastamento da dependência dos combustíveis fósseis se torne uma realidade, novas políticas públicas e privadas precisam ser acordadas com a criação de mecanismos claros de mercado.

Haverá ainda a necessidade de investimento em infraestrutura e numa malha de distribuição. “Temos as ferramentas necessárias para solucionar os problemas”, revela Changhua Wu, do Climate Group.

Além dos setores público e privado, a sociedade precisa ser incluída nas novas metas. “O público consumidor precisará ter entendimento para valorizar mais e optar pelos produtos renováveis”, finalizou Vasco Dias.

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