O Comando Conjunto das forças sul-coreanas e americanas elevou suas atividades e o número de soldados ao longo da fronteira com a Coreia do Norte nesta segunda-feira (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 19 de dezembro de 2011 às 10h38.
Seul - A morte do líder norte-coreano, Kim Jong-il, colocou a Coreia do Sul em alerta nesta segunda-feira e as autoridades do país ficaram em vigilância militar na fronteira e decretaram estado de emergência do governo em meio à incerteza sobre as perspectivas do diálogo nuclear.
A morte do líder disparou automaticamente os alarmes da Administração e das forças de segurança do país vizinho, que se encontra tecnicamente em guerra com o Norte após a Guerra da Coreia (1950-1953) terminar apenas com um armistício, em vez de um tratado de paz.
A instabilidade que permeia a Coreia do Norte, um país com capacidade nuclear bélica, diante do súbito vazio de poder, fez com que o Estado-Maior sul-coreano ordenasse a todas as suas unidades que ficassem em alerta pouco após a televisão estatal norte-coreana anunciar a morte de Kim, às 12h locais (1h de Brasília).
Além disso, o Comando Conjunto das forças sul-coreanas e americanas (que mantém cerca de 28 mil soldados no país asiático) elevou suas atividades e o número de soldados ao longo da fronteira com a Coreia do Norte nesta segunda-feira.
'Estamos vigiando de perto a Zona Desmilitarizada, a Zona de Segurança Conjunta e a Linha Limite Norte (LLN) ante a possibilidade de haver provocações por parte da Coreia do Norte', disse um oficial do Estado-Maior sul-coreano em declarações à agência de notícias sul-coreana 'Yonhap', referindo-se às três zonas fronteiriças onde há mais tensão.
Já os altos comandantes militares de Seul e Washington optaram por manter sem alterações o chamado 'Watchcon', a escala de vigilância de atividades norte-coreanas. Eles preferiram mantê-la no nível 3, em vez de inflamá-la ao nível 2 (mais grave), para não criar uma sensação de crise desnecessária.
A última vez que Seul elevou o 'Watchcon' ao nível dois foi imediatamente depois do ataque de artilharia sobre a ilha de Yeonpyeong por parte da Coreia do Norte, em novembro de 2010, incidente que custou a vida de dois civis e dois militares.
Ainda assim, o Exército avalia a possibilidade de modificar o Defcon (uma escala de alerta de combate de cinco níveis) do grau 4 para o 3, conforme disseram fontes militares à agência 'Yonhap'.
De forma paralela, o presidente sul-coreano, Lee Myung-bak, e o dos Estados Unidos, Barack Obama, decidiram colaborar estreitamente para administrar a situação, em uma conversa por telefone pouco depois de se informarem sobre a morte do líder norte-coreano.
A morte de Kim Jong-il eleva a incerteza com relação ao reinício das chamadas negociações de seis lados - empreendidas entre as duas Coreias, EUA, China, Rússia e Japão - que buscam dissuadir o programa nuclear de Pyongyang. Embora o diálogo estivesse estagnado desde 2008, o falecido líder havia manifestado neste ano sua intenção de retomá-lo.
Washington e Seul, com o apoio do Japão, que também participa da rodada com Rússia e China, mantêm inalterável sua postura de que não haverá mais reuniões se o regime não cessar seu programa de enriquecimento de urânio e permitir a entrada de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Nesta segunda-feira, o presidente da Coreia do Sul também foi contundente ao determinar a altos funcionários da Administração do país para que se posicionem em estado de emergência.
Na Assembleia Nacional, os principais partidos decidiram realizar reuniões de emergência entre seus representantes e também dos comitês parlamentares de Relações Exteriores, Comércio e Unificação e Defesa Nacional e Inteligência.
Tudo isso para minimizar o potencial impacto à Coreia do Sul da morte do líder do isolado e imprevisível país localizado do outro lado do Paralelo 38.