Agência de notícias
Publicado em 12 de janeiro de 2025 às 13h55.
O Serviço de Inteligência Nacional da Coreia do Sul (NIS) confirmou neste domingo, 12, que a Ucrânia capturou dois soldados norte-coreanos feridos nesta semana na região russa de Kursk, após Kiev afirmar que eles estavam sendo interrogados. Um deles revelou que acreditou inicialmente ter sido enviado apenas para um treinamento na Rússia.
Ucrânia, Estados Unidos e Coreia do Sul acusaram a Coreia do Norte, que possui armas nucleares, de enviar mais de 10 mil soldados para ajudar a Rússia na guerra contra a Ucrânia.
"O NIS, por meio de cooperação em tempo real com a agência de inteligência da Ucrânia (SBU) (...) confirmou que o exército ucraniano capturou dois soldados norte-coreanos no dia 9 de janeiro no campo de batalha de Kursk, na Rússia", disse a inteligência sul-coreana em um comunicado.
No sábado, a SBU divulgou um vídeo mostrando dois homens em macas de hospital, um com as mãos enfaixadas e o outro com a mandíbula imobilizada. Um médico do centro de detenção disse que um deles também tinha uma perna quebrada.
A SBU também afirmou que os homens disseram aos interrogadores que eram soldados experientes do exército.
Kiev, no entanto, não apresentou no sábado provas diretas de que os homens capturados fossem norte-coreanos. A AFP também não conseguiu verificar independentemente a nacionalidade deles.
A confirmação da Coreia do Sul dá peso às alegações de Kiev, enquanto nem a Rússia nem a Coreia do Norte reagiram.
O NIS afirmou que um dos soldados capturados revelou durante o interrogatório que recebeu treinamento militar das forças russas após chegar ao país em novembro.
"Inicialmente, ele acreditava que estava sendo enviado para treinamento, mas ao chegar à Rússia percebeu que havia sido destacado para combate", informou o NIS.
Segundo a inteligência sul-coreana, o soldado afirmou que as forças da Coreia do Norte sofreram "perdas significativas durante a batalha". Acrescentou que um dos detidos "ficou sem comida ou água por 4 ou 5 dias antes de ser capturado".
O NIS disse que continuará trabalhando com a SBU para compartilhar informações sobre os supostos combatentes norte-coreanos na Ucrânia.
Rússia e Coreia do Norte fortaleceram seus laços militares desde a invasão russa da Ucrânia, mas não confirmaram se forças de Pyongyang estão combatendo por Moscou.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou neste mês que Washington acredita que a Rússia está ampliando sua cooperação espacial com a Coreia do Norte em troca de tropas para lutar na Ucrânia.
"A RPDC já está recebendo equipamentos e treinamento militar russos. Agora temos razões para acreditar que Moscou pretende compartilhar tecnologia espacial e de satélites avançada com Pyongyang", declarou em Seul, usando o nome oficial da Coreia do Norte.
Blinken, assim como a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, afirmou que os Estados Unidos acreditam que a Rússia "poderia estar próxima" de reconhecer formalmente o status da Coreia do Norte como potência nuclear.
A declaração foi feita enquanto a Coreia do Norte testava um novo míssil hipersônico durante a visita de Blinken ao seu aliado, a Coreia do Sul.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou em dezembro que quase 3.000 soldados norte-coreanos haviam "morrido ou ficado feridos" lutando pela Rússia. Seul acredita que o número seja de 1.000.
Pyongyang e Moscou estreitaram seus laços políticos, militares e culturais desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.
Em uma carta de Ano Novo, o líder norte-coreano Kim Jong Un elogiou o presidente russo Vladimir Putin e fez uma possível referência à guerra na Ucrânia. O líder norte-coreano afirmou que 2025 seria o ano "em que o exército e o povo russos derrotarão o neonazismo e alcançarão uma grande vitória".