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Sociedade civil entrega carta contra documento oficial

A carta, intitulada A Rio+20 que não queremos, foi apresentada na tarde de ontem e será entregue aos chefes de estado reunidos na Rio+20

Manifestante usa um cartaz com os dizeres "Nós rejeitamos a economia verde". Com a palavra "verde" trocada por "ganância", em inglês (Ueslei Marcelino/Reuters)

Manifestante usa um cartaz com os dizeres "Nós rejeitamos a economia verde". Com a palavra "verde" trocada por "ganância", em inglês (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 16h12.

Rio de Janeiro - Descontentes com a falta de compromissos e ações do documento oficial da Rio+20, cerca de cinquenta representantes da sociedade civil – de diferentes setores, como economia, ambientalismo, indústria e organizações não governamentais – assinaram uma carta manifesto contra o documento O Futuro Que Queremos, que é negociado nas reuniões oficiais das Nações Unidas, no Riocentro.

A carta, intitulada A Rio+20 que não queremos, foi apresentada na tarde de ontem e será entregue aos chefes de estado reunidos na Rio+20, criticando a falta de metas e ações no documento oficial. “O Futuro Que Queremos é fraco e está muito aquém do espírito e dos avanços conquistados nestes últimos 20 anos desde a Rio92”, afirma.

O texto menciona a falta das noções de urgência (para reverter as crises social, ambiental e econômica) e cooperação e sintonia com a sociedade. “Simplesmente lançar uma frágil e genérica agenda de futuras negociações não assegura resultados concretos”, afirma.

Assinam A Rio+20 que não queremos nomes de peso, como os ex-ministros do Meio Ambiente José Goldemberg e Marina Silva; os economistas Ignacy Sachs, José Eli da Veiga, Carlos Eduardo Young e Ricardo Abramovay; o cientista Thomas Lovejoy; os ativistas Kumi Naidoo, da África do Sul, e Severn Suzuki, do Canadá, que ficou conhecida por discursar para chefes de Estado durante a Rio92, e os representantes de ONGs Marcelo Furtado (Greenpeace), Rubens Born (Vitae Civilis), Roberto Klabin (SOS Mata Atlântica), Luis Flores (Consumers International) e Wael Hmaidan (CAN – Climate Action Network).


“Essa declaração que sairá, a não ser que tenhamos uma grande definição da nossa democracia, será uma prova da falha do sistema de governança mundial. Todo mundo aqui sabe que nós falhamos, de 1992 para cá, em alcançar uma transformação sustentável”, disse Severn Suzuki durante a apresentação da carta. “Não sou mais uma jovem, mas sou mãe. E farei tudo que esta no meu poder para garantir que meus filhos e as futuras gerações tenham um futuro que queremos”.

Kumi Naidoo criticou a falta de ambição do documento oficial: “Claramente é uma demonstração da inabilidade dos negociadores e governantes de ir além de sua agenda nacional e de seus interesses próprios. Não podemos aceitar esse documento porque ele não traduz o que precisamos que aconteça, na maneira e no tempo certo para salvas as gerações atuais e futuras”, declarou.

O texto-base dos chefes de estado foi escrito por cerca de um ano. Sua negociação precisou de uma reunião de emergência e teve prazo estendido até a véspera da conferência oficial, no dia 19 de junho. “O documento falha no segundo e terceiro blocos, que falam sobre a capacidade de tornar realidade as diretrizes contidas no primeiro bloco. O texto não oferece estruturas de implementação, é um carro sem rodas”, disse Luis Flores.

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