Abramovich: A União Europeia e o Reino Unido incluíram o oligarca na lista de pessoas sancionadas por sua proximidade com o regime de Moscou em março de 2022 (Alexander Hassenstein - UEFA/UEFA/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 15 de junho de 2023 às 11h56.
O oligarca russo Roman Abramovich tem levado uma "nova vida secreta" numa mansão de quatro andares em Istambul desde que vendeu o Chelsea, há um ano. O magnata precisou se desfazer do clube britânico depois de ser alvo das sanções impostas pelo governo do Reino Unido e pela União Europeia contra pessoas ligadas ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, como resposta pela Guerra da Ucrânia.
De lá para cá, pouco se sabia sobre o paradeiro do megaempresário. Mas, segundo o jornal "The Mirror", Abramovich tem alugado uma mansão de US$ 25 milhões (R$ 121 milhões, na cotação atual) ao custo mensal de US$ 50 mil (ou R$ 242 mil) na Turquia, que não faz parte da União Europeia.
A residência fica num bairro de luxo de Istambul, perto da pequena fortaleza de Anadolu Hisari, com ampla vista para o Estreito do Bósforo. De acordo com o jornal, a propriedade pertence a um personagem de destaque do mercado de ações internacional, Ahmet Okumus.
Vizinhos mal veem movimento na mansão, mas uma janela entreaberta no segundo andar revela que há alguém morando ali. O "Mirror" afirma que o chefe da imobiliária Istanbul Real Estate Brokers Club confirmou que Abramovich é o locatário.
Em dezembro, um veículo de imprensa turco lançou um drone sobre a região para tentar flagrar Abramovich no local. No entanto, não conseguiu registrar imagens do magnata no local.
Apesar de todo o mistério, os elos de Abramovich com a Turquia não são novidade, especialmente após a Guerra na Ucrânia. No ano passado, dois megaiates do oligarca foram vistos no porto da cidade de Göcek depois de obterem permissão para deixar Antigua em meio à pressão por sanções a aliados de Putin.
Com as duas embarcações em águas turcas, toda a frota conhecida do megaempresário — avaliada em mais de R$ 5,5 bilhões — foi localizada no país, de acordo com o canal eSysman SuperYachts, do YouTube.
Além dos navios Halo e Garcon, Abramovich já havia transferido para a Turquia, em março de 2022, os iates de luxo Solaris e Eclipse para evitar que eles fossem confiscados.
O Eclipse é um dos maiores iates do mundo, com 162,5 metros de comprimento, e navega sob a bandeira das Bermudas. A embarcação de luxo tem helipontos, nove decks, uma piscina e até defesa antimísseis. Já o Solaris, tem 140 metros de comprimento, também opera sob a bandeira de Bermudas e chegou à Turquia após passar uma semana na cidade turística de Tivat, em Montenegro. Ambas as embarcações foram construídas na Alemanha.
No mês passado, a imprensa europeia divulgou que Abramovich teria escondido grande parte da sua fortuna em paraísos fiscais antes da invasão russa à Ucrânia, em fevereiro de 2022, para protegê-la das sanções retaliatórias. O oligarca teria desviado cerca de 760 milhões de libras — o equivalente a mais de R$ 4 bilhões — para onze contas bancárias abertas em territórios com menor tributação.
Em janeiro deste ano, foi descoberto que Abramovich também tentou proteger a fortuna transferindo bilhões de dólares para seus filhos. Segundo documentos obtidos pelo jornal britânico "The Guardian", “no início de fevereiro de 2022”, poucas semanas antes da ofensiva, dez trustes foram rapidamente reorganizados em benefício do magnata.
“Estas modificações tornaram os sete filhos de Abramovich, o mais novo deles com 9 anos, beneficiários de bens depositados nestes trusts por um valor de pelo menos 4 bilhões de dólares”, acrescenta o jornal, que especifica que a reorganização não foi ilegal.
A União Europeia e o Reino Unido incluíram o oligarca na lista de pessoas sancionadas por sua proximidade com o regime de Moscou em março de 2022. Abramovich tem reivindicado um papel no diálogo entre os lados em guerra. Ele já foi visto ao lado de autoridades turcas e ucranianas em Istambul durante negociações sobre acordos de grãos e trocas de prisioneiros.