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Snowden disse que não esperava ser perdoado por Obama

Snowden considerou que seu caso não acabaria como o de Manning - de quem a Casa Branca comutou a pena de prisão no final do mandato de Obama

Snowden: "Obama foi o mais envergonhado pessoalmente por minhas revelações" (YouTube/Reprodução)

Snowden: "Obama foi o mais envergonhado pessoalmente por minhas revelações" (YouTube/Reprodução)

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EFE

Publicado em 30 de maio de 2017 às 17h55.

Lisboa - O ex-analista da CIA (agência de inteligência dos Estados Unidos), Edward Snowden, afirmou nesta terça-feira que não esperava que Barack Obama lhe perdoasse como ocorreu com a ex-soldado Chelsea Manning, uma vez que suas revelações envergonhavam pessoalmente o ex-presidente americano.

"Não pensei que fosse possível porque o presidente (Obama) foi o mais envergonhado pessoalmente por minhas revelações", disse Snowden durante sua participação na Conferência de Estoril, em Portugal, onde falou por meio de videoconferência, já que se encontra asilado na Rússia.

Snowden considerou que seu caso não acabaria como o de Manning - de quem a Casa Branca comutou a pena de prisão no final do mandato de Obama - e acredita que, se tivesse sido perdoado, teria sido como se o governo americano admitisse que estava errado.

"(Obama) fez campanha em 2007, para as eleições de 2008, dizendo que acabaria com esta vigilância massiva; as pessoas acreditavam que faria isso de verdade, mas o que fez foi ampliar estes programas", declarou Snowden, que revelou uma trama de espionagem global elaborada pelos serviços secretos de seu país.

"Ser exposto dessa forma foi muito prejudicial para seu legado sobre os direitos civis", afirmou o ex-analista da CIA, que acrescentou que acredita que Obama se sentiu "pessoalmente ferido" por suas revelações.

Para Snowden, Obama tomou a "decisão correta" ao comutar a pena de Manning, que em 2010 vazou um número recorde de documentos secretos ao WikiLeaks, mas ressaltou que não lhe corresponde dizer se também deveria ter sido perdoado.

No entanto, destacou que suas revelações tiveram "benefícios públicos concretos" - por exemplo, o Congresso aprovou leis para acabar com os programas de espionagem, lembrou -, enquanto frisou que todos os danos potenciais atribuídos "são teóricos, sem nunca terem apresentado evidências ".

O americano também falou sobre o sucessor de Obama, Donald Trump, e criticou suas denúncias sobre a ameaça para a segurança nacional representada pelos vazamentos à imprensa.

"O novo presidente descreve a imprensa livre como inimigo do povo. Passa grande parte de seu tempo anunciando o que é verdade e o que é falso, e afirmando que os vazamentos são uma grande ameaça para a segurança nacional (...) Perseguir as fontes do jornalismo não pode produzir uma sociedade mais segura", opinou.

Snowden está asilado na Rússia desde 2013, onde chegou de Hong Kong, em sua fuga da justiça americana após revelar a trama de espionagem global.

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