Mundo

Snowden afirma que América Latina ganhou o respeito do mundo

O jovem americano expressou seu agradecimento a Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua, e ressaltou seu desejo de visitá-los assim que for possível


	Sarah Harrison, do WikiLeaks, e Edward Snowden: Snowden denunciou a perseguição da qual é vítima e o fato de que os EUA fazem "ameaças de sanções aos países" que defendem o seu direito de asilo.
 (REUTERS / Human Rights Watch)

Sarah Harrison, do WikiLeaks, e Edward Snowden: Snowden denunciou a perseguição da qual é vítima e o fato de que os EUA fazem "ameaças de sanções aos países" que defendem o seu direito de asilo. (REUTERS / Human Rights Watch)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2013 às 16h22.

Moscou - O ex-técnico da CIA Edward Snowden garantiu nesta sexta-feira que os países da América Latina que lhe ofereceram asilo político - Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua - "ganharam o respeito do mundo" e ressaltou seu desejo de visitá-los assim que for possível.

O jovem americano expressou seu agradecimento a essas nações em um discurso diante dos representantes de organizações de direitos humanos internacionais com que se reuniu.

Segundo o Wikileaks, que publicou seu discurso, Snowden disse em relação à Venezuela, que com "a concessão de asilo por parte do presidente Nicolás Maduro, agora meu estatuto de asilado é formal, e nenhum Estado tem o direito de limitar ou interferir meu direito a esse asilo".

O jovem disse a que há um mês "tinha uma família, uma casa no paraíso e vivia com grande conforto", antes de revelar os esquemas de espionagem dos serviços secretos dos EUA.

O foragido justificou sua atitude porque - disse - esses atos de espionagem violam a lei e a Constituição dos EUA e considerou que "o imoral não pode fazer a moral mediante o uso de leis secretas".

Assegurou que fez "o que achava justo, não para enriquecer" ou "vender os segredos dos EUA" e que não se aliou a "nenhum governo estrangeiro" para garantir sua segurança.


Após reconhecer que a decisão de revelar o esquema de espionagem teve um preço muito alto, manifestou que "era o que tinha que ser feito" e que não se arrepende.

Snowden denunciou a perseguição da qual é vítima e o fato de que os EUA fazem "ameaças de sanções aos países" que defendem o seu direito de asilo.

Acrescentou que os EUA "deram um passo sem precedentes ao ordenarem que seus aliados militares forçassem a aterrissagem do avião de um presidente latino-americano para buscar um refugiado político", em referência ao boliviano Evo Morales.

"Esta escalada perigosa representa uma ameaça não só para a dignidade da América Latina, mas para os direitos básicos compartilhados por cada pessoa, cada nação, de viverem livres da perseguição e de buscar e gozar de asilo", afirmou.

O ex-técnico da CIA assegurou que Rússia, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador - que lhe ofereceram asilo - "têm minha gratidão e respeito por serem os primeiros a se posicionarem contra as violações dos direitos humanos feitas pelos poderosos ao invés dos não poderosos".

Esses países - disse - "ganharam o respeito do mundo. Tenho a intenção de viajar para cada um deles para expressar meu agradecimento pessoalmente aos seus povos e líderes".


Snowden anunciou que aceita formalmente "todas as ofertas de asilo que recebeu e outras que possam ser oferecidas no futuro" e pediu ajuda às organizações de direitos humanos para conseguir viajar para a América Latina.

Também anunciou que pediu asilo à Rússia até que seja permitido viajar.

Na reunião, a representante da Human Rights Watch, uma das presentes, revelou que quando estava a caminho do aeroporto recebeu um telefonema do embaixador dos EUA em Moscou que lhe pediu que comunicasse a Snowden que ele tinha violado a lei. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaEdward SnowdenEspionagem

Mais de Mundo

Israel reconhece que matou líder do Hamas em julho, no Irã

ONU denuncia roubo de 23 caminhões com ajuda humanitária em Gaza após bombardeio de Israel

Governo de Biden abre investigação sobre estratégia da China para dominar indústria de chips

Biden muda sentenças de 37 condenados à morte para penas de prisão perpétua