Situação em campos de deslocados da Nigéria é crítica, alerta MSF
A organização informou que começou um programa de emergência nos campos de apoio de Borno, onde vivem milhares de pessoas sem-teto
EFE
Publicado em 17 de agosto de 2018 às 09h22.
Abuja - A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou nesta sexta-feira que a situação humanitária é "crítica" nos assentamentos de deslocados do nordeste da Nigéria , onde só em agosto morreram pelo menos 33 crianças, enquanto a população continua aumentando por milhares.
Em comunicado, a MSF informou que começou um programa de emergência nutricional e pediátrica nos campos de apoio do estado de Borno, onde milhares de pessoas vivem sem-teto e sem assistência de saúde, e pediu às autoridades nigerianas para tomar medidas antes que a situação piore ainda mais.
Só ao campo situado na cidade de Bama chegaram 10 mil novos deslocados desde abril passado.
A maioria foge de conflitos armados como o entre os militares nigerianos com o grupo jihadista Boko Haram e apresentam condições de saúde muito deteriorada.
A MSF advertiu que os serviços de assistência não lhe seguiram o passo para o aumento populacional nestes assentamentos.
No campo de Bama se alcançou a capacidade máxima - de 25 mil pessoas - em julho passado e se calcula que já há outros 6.000 deslocados dormindo a céu aberto, já que não há teto para todos.
A MSF calcula que, do total da população do campo, 6.000 são crianças de menos de cinco anos.
"As pessoas nem tem utensílios básicos para cozinhar suas porções de comida desidratada e a água não está disponível em quantidades suficientes para cobrir as necessidades mínimas", explicou Katja Lorenz, representante da MSF em Abuja, no comunicado.
"Algumas crianças já estão em estado crítico quando chegam e a pobre assistência e o pobre cuidado médico deteriora até mais seu estado", acrescentou Lorenz.
Desnutrição, várias doenças como malária e diarreias têm "consequências catastróficas" nas crianças e, na atualidade, o único hospital da região não está operacional, o que obriga a longos deslocamentos até a capital do estado de Borno (Maiduguri) para receber tratamentos.