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Síria promete entregar armas, mas EUA e Rússia divergem

Sérias divergências entre as duas potências podem obstruir uma resolução da ONU que sele o acordo que evitaria uma intervenção militar

Manifestação contra uma possível ação militar do Estados Unidos no conflito da Síria, próximo da embaixada americana em Buenos Aires, Argentina (Marcos Brindicci/Reuters)

Manifestação contra uma possível ação militar do Estados Unidos no conflito da Síria, próximo da embaixada americana em Buenos Aires, Argentina (Marcos Brindicci/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de setembro de 2013 às 20h14.

Washington/Amã - A Síria aceitou nesta terça-feira uma proposta russa para abrir mão de suas armas químicas e ser poupada de um ataque norte-americano, mas sérias divergências entre Estados Unidos e Rússia podem obstruir uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) que sele o acordo.

A Casa Branca afirmou que continuará buscando autorização do Congresso para um ataque à Síria, enquanto o presidente russo, Vladimir Putin, declarou que o plano só dará certo se Washington e seus aliados descartarem a opção militar.

Em nota divulgada pela TV russa, o chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse que o governo do presidente da Síria, Bashar al-Assad, está comprometido com a iniciativa de Moscou.

"Queremos aderir à convenção sobre a proibição de armas químicas. Estamos preparados para observar nossas obrigações em concordância com tal convenção, inclusive fornecendo todas as informações sobre essas armas", disse Moualem.

"Estamos preparados para declarar a localização das armas químicas, parar a produção das armas químicas e mostrar essas instalações (de produção) a representantes da Rússia e de outros Estados membros da Organização das Nações Unidas." O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, disse que a proposta deveria ser avalizada pelo Conselho de Segurança da ONU "a fim de ter a confiança de que isso tem a força que deveria ter".

Moscou já vetou três resoluções do Conselho que condenariam o governo sírio pelo conflito em curso há dois anos e meio no país.

Em declarações pela TV, Putin disse que a nova proposta "só poderá funcionar se escutarmos que o lado norte-americano e todos os que apoiam os Estados Unidos nesse sentido rejeitam o uso da força".

Falando ao Congresso, Kerry e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, disseram que a ameaça de ação militar é crucial para obrigar Assad a abrir mão das armas químicas.

"Para que essa opção diplomática tenha chance de sucesso, a ameaça de uma ação militar dos EUA --a ameaça crível e real de ação militar dos EUA-- deve continuar", disse Hagel à Comissão de Serviços Armados da Câmara dos Deputados.


Autoridades dos EUA disseram que Kerry e Lavrov vão se reunir na quinta-feira em Genebra, na Suíça.

Os EUA querem atacar a Síria como punição pelo suposto uso de armas químicas contra civis, em 21 de agosto. Assad nega ter usado essas armas, e a Rússia diz que também há dúvidas sobre a autoria do ataque.

Os EUA e seus aliados continuam céticos sobre a proposta russa, e o presidente norte-americano, Barack Obama, tentou manter a pressão sobre a Síria ao manter a busca por apoio do Congresso para um possível ataque militar, enquanto explora uma alternativa diplomática.

A França quer uma resolução de cumprimento obrigatório do Conselho de Segurança da ONU que forneça uma estrutura para controlar e eliminar as armas e diz que a Síria teria de enfrentar as consequências "extremamente graves" se violasse tais condições.

Grã-Bretanha e Estados Unidos disseram que iriam trabalhar na formulação de uma resolução rápida.

O Conselho inicialmente convocou uma reunião a portas fechadas a pedido da Rússia para discutir a sua proposta de colocar as armas químicas da Síria sob controle internacional, mas o encontro foi cancelado mais tarde, também a pedido dos russos.

Autoridades francesas disseram que seu projeto de resolução foi elaborado com o objetivo de garantir que a proposta russa tenha força, ao permitir uma ação militar se Assad não colaborar.

"Foi muito bem jogado pelos russos, mas não queríamos que mais alguém fosse à ONU com uma resolução fraca. (A resolução) está em nossos termos, e os princípios estão estabelecidos. Coloca a Rússia em uma situação em que não pode dar um passo atrás, depois de dar um passo à frente", disse uma fonte diplomática francesa.

A Rússia, no entanto, deixou claro que quer assumir a liderança.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, disse a seu colega francês que Moscou irá propor um projecto de declaração da ONU apoiando a sua iniciativa de colocar as armas químicas da Síria sob controle internacional, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado.

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