Mundo

Síria: Postura de Trump sobre Colinas de Golã ignora direito internacional

Israel anexou a região em 1981, mas a comunidade de países nunca reconheceu o ato

Colinas Golã: território é alvo de disputa (Ronen Zvulun/File Photo/Reuters)

Colinas Golã: território é alvo de disputa (Ronen Zvulun/File Photo/Reuters)

A

AFP

Publicado em 22 de março de 2019 às 12h55.

A Síria classificou nesta sexta-feira como "violação flagrante do direito internacional" a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a favor do reconhecimento da soberania de Israel sobre as Colinas de Golã, uma área que os israelenses tomaram da Síria e anexaram.

"A posição americana sobre a parte ocupada do Golã sírio reflete claramente o desprezo dos Estados Unidos pelas regras internacionais e sua violação flagrante do direito internacional", afirmou uma fonte do ministério sírio das Relações Exteriores à agência estatal Sana.

Israel conquistou grande parte das Colinas de Golã, 1.200 quilômetros quadrados, durante a Guerra dos Seis Dias em 1967 e a anexou em 1981, mas a comunidade internacional nunca reconheceu a anexação.

"Depois de 52 anos é hora de os Estados Unidos reconhecerem completamente a soberania de Israel sobre as Colinas de Golã", escreveu Trump no Twitter, no momento em que o chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, estava em Jerusalém.

Esta visita e o tuíte de Donald Trump foram interpretados como um apoio ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, em plena campanha para tentar a reeleição nas legislativas de 9 de abril.

Para o regime sírio, as declarações do presidente americano "confirmam mais uma vez o viés cego dos Estados Unidos a favor da ocupação sionista e seu apoio a esta atitude agressiva" (dos israelenses), indicou o ministério.

"Mas as declarações do presidente dos Estados Unidos e sua administração não mudarão em nada o fato de que o Golã é e continuará sendo árabe e sírio", disse a fonte diplomática.

O início da guerra na Síria em março de 2011 aumentou as tensões sobre Golã. Em maio e junho do mesmo ano, o exército israelense abriu fogo contra refugiados palestinos e sírios que tentavam ultrapassar a linha de cessar-fogo, o que deixou 30 mortos de acordo com a ONU.

Os comentários de Trump também foram feitos quatro dias antes da visita à Casa Branca do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em plena campanha de reeleição.

"Obrigado, presidente Trump!", reagiu Netanyahu também no Twitter.

O anúncio representa uma ajuda real para Netanyahu, que está insistentemente exigindo esse reconhecimento e usando seu relacionamento privilegiado com o presidente dos Estados Unidos como argumento na campanha, apresentando os lucros de Israel como sucessos pessoais.

No final de 2017, Trump, que demonstrou apoio incondicional a Israel, reconheceu unilateralmente Jerusalém como a capital desse aliado próximo, contrariando a diplomacia americana tradicional e o consenso internacional, e causando a indignação da liderança palestina.

Em meados de novembro, os Estados Unidos votaram pela primeira vez contra uma resolução da ONU que considerava a anexação israelense do Golã como "nula e sem efeito", tornando-se um dos dois únicos países que votaram contra ela, junto com Israel.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpEstados Unidos (EUA)IsraelSíria

Mais de Mundo

Corte Constitucional de Moçambique confirma vitória do partido governista nas eleições

Terremoto de magnitude 6,1 sacode leste de Cuba

Drones sobre bases militares dos EUA levantam preocupações sobre segurança nacional

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA