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Síria: intensos combates e bombardeios mortais em Alepo

Os Estados Unidos se preparam para anunciar nos próximos dias novas sanções contra o regime de Bashar al-Assad e seus partidários

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2012 às 14h49.

Alepo - Intensos combates foram registrados nesta sexta-feira entre o Exército sírio e insurgentes na estratégica cidade de Alepo, onde o bombardeio de uma padaria deixou ao menos dez mortos, observaram jornalistas da AFP.

Em Nova York, Lakhdar Brahimi, um diplomata argelino encarregado de missões delicadas, foi cotado para substituir Kofi Annan como enviado especial da ONU e da Liga Árabe na Síria, apesar das diferenças que persistem sobre esta questão no Conselho de Segurança, que levaram Annan a renunciar ao seu posto na semana passada.

Os Estados Unidos se preparam para anunciar nos próximos dias novas sanções contra o regime de Bashar al-Assad e seus partidários.

Enquanto isso, intensos combates continuam em Alepo pelo controle desta cidade-chave (355 km ao norte de Damasco), perto da fronteira turca.

As autoridades indicaram ter repelido um ataque rebelde contra o aeroporto internacional da cidade, palco de confrontos desde 20 de julho.

No bairro dissidente de Tariq al-Bab (leste) um morteiro caiu em uma padaria no momento em que as pessoas faziam compras e que uma grande fila havia se formado fora do estabelecimento, causando a morte de pelo menos dez pessoas, de acordo com jornalistas da AFP, que relataram as mortes de pelo menos três crianças.

Em outro episódio de violência, uma manifestação foi violentamente reprimida em um bairro burguês (Nova Alepo), sob o controle do Exército, que abriu fogo contra a multidão, matando um estudante de 19 anos, afirmou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).


Enquanto as posições rebeldes eram bombardeadas por terra e ar, as manifestações foram realizadas com um lema que representava um apelo à comunidade internacional: "Deem-nos armas anti-aéreas".

Confrontos ocorreram em áreas do bairro de Salaheddine (sudoeste). Na véspera, os insurgentes haviam feito um "recuo tático" neste distrito devido aos intensos bombardeios do Exército, segundo um líder rebelde local.

"Nós continuamos a lutar porque não vamos abandonar este bairro", disse à AFP Hussam Abu Mohammad, comandante da brigada do Dera Ashahba do Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes).

Uma fonte da segurança síria, no entanto, assegurou as forças regulares controlavam o bairro inteiro e "avançavam para Al-Mashhad (leste), mas que a grande batalha será travada em As-Soukkari" (mais ao sul).

No bairro de Hanano, quatro bombas lançadas por um Mig 21 caíram nesta madrugada no pátio da sede do ESL e em um prédio residencial onde há vários feridos, de acordo com jornalistas da AFP.

Revoltados, os moradores manifestaram a sua ira contra os Estados Unidos e a França, que apoiam a rebelião. "Ninguém nos ajuda", lançaram.

Em comunicado, a organização Human Rights Watch pediu às partes em conflito que "respeitem as leis da guerra" e não atinjam civis com ataques indiscriminados.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) também expressou sua preocupação com a situação humanitária em Alepo.


"Milhares de pessoas deixaram suas casas e começam a se refugiar em prédios públicos, usados como abrigos temporários", indicou Marianne Gasser, chefe da delegação do CICV na Síria, acrescentando que mais de 80 escolas acolhem os deslocados.

O CICV indicou que está ainda mais preocupado porque "o Crescente Vermelho Sírio teve de suspender a maioria de suas atividades por causa do perigo extremo no terreno". De acordo com o CICV, "dezenas de voluntários", no entanto, continuam a trabalhar e entregar comida.

Embora sua nomeação como mediador seja esperada para o início da próxima semana, o ex-ministro das Relações Exteriores da Argélia Lakhdar Brahimi, 78 anos, pediu "ao Conselho de Segurança da ONU e aos Estados regionais união para permitir uma transição política, logo que possível", em uma declaração conjunta com o grupo de "anciãos", que reúne personalidades que trabalham na resolução de conflitos no mundo.

O Conselho de Segurança até agora não conseguiu votar uma resolução condenando o regime sírio, devido as diferenças entre o Ocidente e a Rússia.

Quase 17 meses após o início da revolta, a violência já deixou mais de 21.000 mortos na Síria, de acordo com OSDH, que informou que, apenas nesta manhã, 56 pessoas morreram, incluindo 25 civis.

Washington se prepara, segundo um funcionário, para reforçar as sanções econômicas contra "instituições sírias e aqueles que apoiam as ações do regime sírio para oprimir seu próprio povo". Este funcionário não entrou em detalhes sobre se Irã e a Rússia, principais aliados de Damasco acusados de fornecer armas, seriam afetados por essas sanções.

O Irã organizou na quinta-feira uma reunião, que contou com a participação de representantes da Rússia e da China, para fazer um apelo à abertura de um "diálogo nacional" entre oposição e o governo sírio.

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