Mundo

Síria está empenhada na entrega de arsenal, diz Rússia

Rússia intensificou a defesa do governo Assad em sua divergência com o Ocidente sobre os atrasos na eliminação do arsenal de armas químicas

Veículos da ONU em Damasco: regime perdeu um dos prazos para se desfazer do arsenal químico (Louai Beshara/AFP)

Veículos da ONU em Damasco: regime perdeu um dos prazos para se desfazer do arsenal químico (Louai Beshara/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2014 às 18h23.

Moscou - A Rússia intensificou nesta segunda-feira a defesa da Síria em sua divergência com o Ocidente sobre os atrasos na eliminação do arsenal de armas químicas sírio, dizendo que o governo do presidente Bashar al-Assad não é o culpado e que o prazo final, em junho, ainda pode ser cumprido.

Em entrevista à Reuters, o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, disse que não há necessidade de impor "pressão política" sobre o governo sírio porque os atrasos resultam de uma difícil situação de segurança e de questões logísticas.

A operação para a remoção do estoque sírio de armas químicas, parte de um acordo firmado por Rússia e Estados Unidos, está cerca de dois meses atrasada e o prazo para a retirada da Síria de todos os agentes tóxicos nesta semana não será cumprido, informou a Reuters na semana passada.

Autoridades dos EUA acusaram o governo sírio de intencionalmente atrasar as remessas e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu na sexta-feira ao ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, que pressione o governo de Assad para acelerar a operação.

"Nós ouvimos uma porção de comunicados públicos de representantes de países ocidentais e organizações internacionais que deram a esta questão um tom de algum modo alarmante", disse Ryabkov. "Nós achamos que não há motivo para isso." "Ficou claro desde o começo que cronogramas extremamente apertados fixados no ano passado para a remoção dos químicos da Síria iriam mudar", disse ele, ao mesmo tempo em que dava garantias de que o prazo final de 30 de junho para a conclusão da operação ainda pode ser cumprido.

"Isso estava ligado ao longo processo de entrega de materiais e equipamentos necessários para esta operação totalmente sem precedentes", disse Ryabkov. "Está também relacionado, claro, à difícil situação da segurança." A Rússia tem sido a mais poderosa aliada de Assad no campo diplomático durante os quase três anos de conflito na Síria, tendo usado seu poder de veto no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para bloquear esforços apoiados por países ocidentais para tirá-lo do poder ou impor sanções ao país.

Apesar das abruptas diferenças, Rússia e EUA uniram forças para iniciar conversações de paz e para pressionar a Síria a eliminar seu arsenal químico depois de um ataque com gás que matou centenas de pessoas perto de Damasco, em agosto.

"Extremamente Responsável"

A rápida anuência de Assad ao plano, proposto pela Rússia, ajudou a evitar prováveis ataques aéreos dos EUA. Mas os atrasos têm levado muitos políticos no Ocidente a suspeitar que ele esteja emperrando o processo de entrega das armas e a se perguntarem se a Rússia pode e vai agir para que seja acelerado.

Ryabkov rejeitou tal suspeitas, dizendo: "Damasco está agindo nesse processo de um modo extremamente responsável." "Vejo um comprometimento completo da parte da liderança do país... para cumprir esses acordos", disse Ryabkov. "O lugar é outra questão e, afinal, estamos apenas no começo de fevereiro, e há certamente tempo suficiente para fazer as coisas como planejado."

Acompanhe tudo sobre:Armas químicasÁsiaDiplomaciaEuropaRússiaSíria

Mais de Mundo

Maduro pede que Suprema Corte da Venezuela faça auditoria da eleição

Opositor venezuelano denuncia 'perseguição' do governo a testemunhas eleitorais e mesários

Quem é Yahya Sinwar, líder 'linha-dura' do Hamas que sucedeu chefe de gabinete assassinado no Irã

Kamala Harris supera Trump em estados decisivos, mostra pesquisa

Mais na Exame