Síria comemora avanço militar com ajuda de Rússia e Irã
Ministro sírio disse, na ONU, que Rússia, Irã e a "resistência nacional libanesa", o Hezbollah, são "os verdadeiros amigos da Síria" na luta contra extremistas
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2016 às 22h25.
O ministro sírio das Relações Exteriores, Walid Muallem, disse na ONU, neste sábado (24), que o Exército de seu país está registrando importantes vitórias militares com a ajuda da Rússia, do Irã e do Hezbollah libanês e manifestou sua confiança em uma vitória final.
A Síria "não economizará nenhum esforço em sua luta contra o terrorismo", declarou o ministro.
Ele ressaltou que sua "confiança na vitória" sobre os extremistas é "ainda maior" do que antes, "porque o Exército fez grandes progressos em sua luta contra o terrorismo", com o apoio da Rússia, do Irã e da "resistência nacional libanesa" (o Hezbollah), que são "os verdadeiros amigos da Síria".
Muallem declarou ainda que o bombardeio aéreo contra tropas sírias lançado pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos há uma semana foi "intencional", e não um erro, como apontou Washington.
"O governo sírio sustenta que os Estados Unidos são completamente responsáveis por essa agressão, porque os fatos mostram que foi um ataque intencional, e não um erro, ainda que os Estados Unidos garantam o contrário", completou.
Pelo menos 90 soldados sírios morreram no bombardeio de 17 de setembro na cidade de Deir Ezzor (leste), controlada pelo Estado Islâmico (EI), uma operação que levou o governo de Bashar al-Assad a pôr fim a uma trégua.
Segundo o ministro, "a agressão covarde prova claramente que os Estados Unidos e seus aliados são cúmplices do EI e de outras organizações terroristas armadas", ao ter permitido aos extremistas "tomar o controle do local" atacado, próximo ao aeroporto de Deir Ezzor.
Washington lamentou, por sua vez, as vidas perdidas, alegando que a coalizão acreditou se tratar de um alvo do EI. O governo americano prometeu investigar o episódio.
O ministro sírio também criticou Catar e Arábia Saudita, acusando-os de "enviar milhares de mercenários para a Síria, equipados com as armas mais sofisticadas" para lutar contra o governo Al-Assad.
"Nós, na Síria, estamos combatendo o terrorismo em nome de todo o mundo", afirmou.
O chanceler sírio falava hoje na Assembleia Geral da ONU, enquanto bairros da cidade de Aleppo eram bombardeados sem cessar, em uma ofensiva denunciada pelo secretário-geral dessa organização, Ban Ki-moon, como uma "assustadora escalada militar" e um possível crime de guerra.
Ki-moon disse estar "consternado com a assustadora escalada militar na cidade de Aleppo, que enfrenta os bombardeios mais contínuos e intensos desde que o conflito sírio começou", em 2011.
Segundo seu porta-voz, ele denunciou o uso de bombas de fragmentação e de outras armas avançadas contra civis. De acordo com o secretário-geral, "o aparente uso sistemático desse tipo indiscriminado de armas em áreas densamente povoadas pode constituir crimes de guerra".
No mesmo tom, lideranças da União Europeia (UE) consideraram os ataques contra civis em Aleppo uma "violação inaceitável do Direito Internacional Humanitário" e pediram à comunidade internacional que intensifique seus esforços para pacificar a área.
"O sofrimento indiscriminado que está sendo causado aos civis (...) é uma violação inaceitável do Direito Internacional Humanitário", manifestaram, em nota divulgada neste sábado, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o comissário europeu para a Ajuda Humanitária, Christos Stylianides.
Ambos denunciaram os bombardeios e o "ataque deliberado" contra um comboio de ajuda humanitária na semana passada, assim como os "cortes no abastecimento de água à maioria dos civis que permanecem na cidade".
Mogherini e Stylianides qualificaram o sofrimento causado aos civis com esses ataques como "uma afronta" ao mundo inteiro.
Ambos também pediram àqueles que têm influência sobre o governo sírio e àqueles que têm laços com a oposição armada que "aumentem a pressão para deter esses ataques".