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SIP aponta 'momento perigoso' para a liberdade na América

O jornalista equatoriano Jaime Mantilla advertiu sobre a tendência de governos para eliminar as expressões contrárias e atacar a imprensa independente


	O perigo que representa o autoritarismo e a delinquência para a liberdade de imprensa no continente foi amplamente debatido nos últimos dias pelos jornalistas reunidos em São Paulo
 (Odd Andersen/AFP)

O perigo que representa o autoritarismo e a delinquência para a liberdade de imprensa no continente foi amplamente debatido nos últimos dias pelos jornalistas reunidos em São Paulo (Odd Andersen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2012 às 18h53.

São Paulo - As liberdades vivem um "momento perigoso" no continente americano, disse nesta terça-feira o jornalista equatoriano Jaime Mantilla ao assumir como novo presidente da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) para o período 2012-2013.

"Assumo esta presidência em um momento perigoso para as liberdades da nossa América, são momentos de grandes provações que devemos enfrentar com unidade, decisão e certeza das nossas convicções", afirmou Mantilla em mensagem enviada através da internet de Quito para São Paulo.

Mantilla, presidente do jornal "Hoy" da capital equatoriana, sucederá no cargo ao americano Milton Coleman, do "The Washington Post", segundo a resolução aprovada por unanimidade na 68ª Assembleia Geral da SIP, encerrada hoje em São Paulo.

O jornalista equatoriano advertiu sobre a tendência de "governos de distinta ideologia e de grupos de poder para eliminar as expressões contrárias e atacar à imprensa independente, atemorizar e inclusive eliminar àqueles que denunciam os abusos de poder".

O perigo que representa o autoritarismo e a delinquência para a liberdade de imprensa no continente foi amplamente debatido nos últimos dias pelos jornalistas reunidos em São Paulo, que indicaram Argentina, Venezuela, Equador, Cuba, Equador, Bolívia e México como os países onde os meios de comunicação e os jornalistas estão mais suscetíveis a todo tipo de agressões.


Em sua mensagem, Mantilla se desculpou por não estar presente em São Paulo, o que atribuiu "aos grandes problemas enfrentados" pelo seu jornal e por seu país.

O motivo de sua ausência, segundo o próprio Mantilla, foi "o acirramento dos ataques governamentais" que, segundo sua opinião, "devem aumentar a partir do início da campanha eleitoral" para as eleições presidenciais e legislativas que acontecem em fevereiro de 2013 no Equador.

A relação entre o entorno do presidente equatoriano, Rafael Correa, e alguns meios privados foi tensa desde que o político esquerdista assumiu o poder em janeiro de 2007, inclusive com processos instaurados pelo governo contra empresas de comunicação e jornalistas, entre eles Mantilla.

O novo presidente da SIP criticou também a posição de seu país no caso do australiano Julian Assange, fundador do Wikileaks, refugiado na embaixada equatoriana em Londres.

Segundo Mantilla, a posição do Equador é "uma defesa irrestrita à liberdade de expressão de um hábil e irresponsável indivíduo que conseguiu informação de maneira fraudulenta e a distribuiu no mundo todo revelando as manobras obscuras de embaixadas e governos em um ato que rompe claramente com os fundamentos do jornalismo honesto".

Em relação a essa situação, comparou: "Enquanto isso acontece fora do país, o Equador não respeita totalmente o direito humano de sonhar livremente, de convergir e expressar pontos de vista diferentes da realidade".

Por outro lado, lamentou que vários dos intelectuais do continente, que contribuíram para a transformação da sociedade, já não exerçam esse papel.

"Muitos dos "rebeldes do pensamento" desapareceram ou se entregaram à defesa dos atropelos das liberdades que antes defendiam", ponderou.


O discurso de Mantilla, segundo equatoriano a presidir a SIP desde Carlos Mantilla Ortega - o primeiro presidente da entidade entre 1949 e 1950 - encerrou a reunião anual do organismo, que enfatizou durante as discussões a violência e os ataques contra a liberdade de imprensa.

O populismo, o enfraquecimento das democracias, a falta de garantias para se exercer o trabalho jornalístico e os mecanismos de financiamento dos grandes meios de comunicação em relação aos novos desafios foram outros temas abordados pelas comissões e mesas da assembleia.

O enfrentamento do governo argentino com grupos de imprensa, especialmente o "Clarín", pela entrada em vigor em dezembro da Lei de Meios Audiovisuais, levou a SIP a aprovar o envio de uma "Missão de Liberdade de Imprensa" para esse país.

A nova mesa diretora da SIP definirá nos próximos dias a agenda e os integrantes da missão que se deslocará à Buenos Aires, segundo disse à Agência Efe o diretor-executivo Julio Muñoz. 

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