Simplicidade de Francisco antevê transformações no Vaticano
O papa continua usando a cruz peitoral de quando era arcebispo de Buenos Aires, e não a trocou por uma de ouro ou de outro metal nobre
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2013 às 06h48.
Cidade do Vaticano - Antes de completar um mês como papa, Francisco já apresenta um estilo próprio, simples, com gestos muito apreciados pelos fiéis e a opinião pública, que veem sua chegada como um ar novo para a Igreja.
Desde sua primeira aparição aos fiéis após ser eleito papa no dia 13 de março, pôde ser visto que o jesuíta argentino com coração franciscano Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, pretende libertar a imagem do sucessor de Pedro de tudo o que considera supérfluo.
O pontífice se apresentou com a batina branca, mas sem a tradicional mantelete vermelha e usando a estola - mais simples do que as de seus antecessores - apenas para o momento da bênção. O pontífice manteve essa mesma linha em todos os ritos que oficiou nos últimos dias, e foi à Via-Sacra do Coliseu sem a peça.
Mas esse não foi seu único gesto de simplicidade. O novo papa recusou-se a colocar os tradicionais sapatos vermelhos e continua calçando um par preto. Em relação aos antecessores mais recentes de Francisco, João Paulo II sempre usava sapatos vermelho bordô, e Bento XVI optava por um par vermelho forte.
Nessa linha de simplicidade, o papa continua usando a cruz peitoral de quando era arcebispo de Buenos Aires, e não a trocou por uma de ouro ou de outro metal nobre.
Ele usa o anel do Pescador - símbolo do poder papal - como seus antecessores, mas um confeccionado em prata e banhado a ouro, ao invés de elaborado em ouro maciço. Seu relógio também é simples, feito de plástico.
Além dessas mudanças, o papa mostrou outros gestos que chamaram a atenção dos meios de comunicação, ainda que não tenham sido inéditos para um pontífice. Por exemplo, o fato de ter se deitado e orado com os olhos voltados para o chão na Basílica de São Pedro na Sexta-Feira Santa, em sinal de respeito e adoração.
Bento XVI e João Paulo II também o fizeram e, além disso, tiraram os sapatos. Mas o gesto de Francisco foi visto como outro sinal de mudança, um ar novo que muitos fiéis desejam para a Igreja após os escândalos de pedofilia por parte de sacerdotes e o caso "Vatileaks", de vazamento de documentos papais e de conflitos internos na Cúria romana.
O pontífice usa o papamóvel descoberto para se deslocar pela Praça de São Pedro, assim como seus antecessores. Mas sua imagem sorridente, de um papa que não hesita em descer do veículo para saudar, abraçar e beijar os fiéis calou o povo, que o vê mais próximo.
Francisco decidiu continuar vivendo, por enquanto, na Casa Santa Marta e não se mudar para o apartamento papal, situado no Palácio Apostólico.
Segundo vaticanistas, essa escolha tem uma dupla leitura. Para uma parte deles, no começo de seu pontificado, ele prefere viver perto de funcionários do Vaticano e onde se hospedam cardeais e bispos, para poder ganhar a queda de braço com a Cúria romana.
A outra leitura é que o apartamento é mais frio e o manteria isolado nesta primeira etapa de seu papado, na qual tem que tomar importantes decisões para renovar a Igreja.
Com seu estilo simples, ele não hesita em se sentar para comer com os cardeais e bispos na mesa onde houver um lugar vazio.
Outro gesto que chamou muita atenção e que representa uma nova forma de comunicação por parte do pontífice é a celebração da Missa do Jantar do Senhor da Quinta-Feira Santa em um centro de reabilitação de menores em Roma, e não na Basílica de São João de Latrão, sua catedral.
A imagem do papa ajoelhado, lavando e beijando os pés de 12 jovens reclusos, entre eles duas garotas - e uma delas muçulmana - marcou esses primeiros dias de pontificado.
Esta não foi a primeira vez que um papa lavou os pés de fiéis, mas o fato inédito foi celebrar esse rito tão importante da Igreja em um centro de reabilitação.
Em ambientes tradicionalistas, o pontífice foi muito criticado, principalmente porque duas garotas foram escolhidas entre os 12 jovens. Até aquele momento eram escolhidos apenas representantes masculinos, já que os 12 apóstolos foram todos homens.
O "Bergoglio style", como seu estilo de pontificado já foi batizado, mal chegou ao Vaticano e, segundo alguns observadores, este é apenas o princípio de um papado cujo titular escolheu o nome de Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, um homem da paz, dos pobres.
Cidade do Vaticano - Antes de completar um mês como papa, Francisco já apresenta um estilo próprio, simples, com gestos muito apreciados pelos fiéis e a opinião pública, que veem sua chegada como um ar novo para a Igreja.
Desde sua primeira aparição aos fiéis após ser eleito papa no dia 13 de março, pôde ser visto que o jesuíta argentino com coração franciscano Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, pretende libertar a imagem do sucessor de Pedro de tudo o que considera supérfluo.
O pontífice se apresentou com a batina branca, mas sem a tradicional mantelete vermelha e usando a estola - mais simples do que as de seus antecessores - apenas para o momento da bênção. O pontífice manteve essa mesma linha em todos os ritos que oficiou nos últimos dias, e foi à Via-Sacra do Coliseu sem a peça.
Mas esse não foi seu único gesto de simplicidade. O novo papa recusou-se a colocar os tradicionais sapatos vermelhos e continua calçando um par preto. Em relação aos antecessores mais recentes de Francisco, João Paulo II sempre usava sapatos vermelho bordô, e Bento XVI optava por um par vermelho forte.
Nessa linha de simplicidade, o papa continua usando a cruz peitoral de quando era arcebispo de Buenos Aires, e não a trocou por uma de ouro ou de outro metal nobre.
Ele usa o anel do Pescador - símbolo do poder papal - como seus antecessores, mas um confeccionado em prata e banhado a ouro, ao invés de elaborado em ouro maciço. Seu relógio também é simples, feito de plástico.
Além dessas mudanças, o papa mostrou outros gestos que chamaram a atenção dos meios de comunicação, ainda que não tenham sido inéditos para um pontífice. Por exemplo, o fato de ter se deitado e orado com os olhos voltados para o chão na Basílica de São Pedro na Sexta-Feira Santa, em sinal de respeito e adoração.
Bento XVI e João Paulo II também o fizeram e, além disso, tiraram os sapatos. Mas o gesto de Francisco foi visto como outro sinal de mudança, um ar novo que muitos fiéis desejam para a Igreja após os escândalos de pedofilia por parte de sacerdotes e o caso "Vatileaks", de vazamento de documentos papais e de conflitos internos na Cúria romana.
O pontífice usa o papamóvel descoberto para se deslocar pela Praça de São Pedro, assim como seus antecessores. Mas sua imagem sorridente, de um papa que não hesita em descer do veículo para saudar, abraçar e beijar os fiéis calou o povo, que o vê mais próximo.
Francisco decidiu continuar vivendo, por enquanto, na Casa Santa Marta e não se mudar para o apartamento papal, situado no Palácio Apostólico.
Segundo vaticanistas, essa escolha tem uma dupla leitura. Para uma parte deles, no começo de seu pontificado, ele prefere viver perto de funcionários do Vaticano e onde se hospedam cardeais e bispos, para poder ganhar a queda de braço com a Cúria romana.
A outra leitura é que o apartamento é mais frio e o manteria isolado nesta primeira etapa de seu papado, na qual tem que tomar importantes decisões para renovar a Igreja.
Com seu estilo simples, ele não hesita em se sentar para comer com os cardeais e bispos na mesa onde houver um lugar vazio.
Outro gesto que chamou muita atenção e que representa uma nova forma de comunicação por parte do pontífice é a celebração da Missa do Jantar do Senhor da Quinta-Feira Santa em um centro de reabilitação de menores em Roma, e não na Basílica de São João de Latrão, sua catedral.
A imagem do papa ajoelhado, lavando e beijando os pés de 12 jovens reclusos, entre eles duas garotas - e uma delas muçulmana - marcou esses primeiros dias de pontificado.
Esta não foi a primeira vez que um papa lavou os pés de fiéis, mas o fato inédito foi celebrar esse rito tão importante da Igreja em um centro de reabilitação.
Em ambientes tradicionalistas, o pontífice foi muito criticado, principalmente porque duas garotas foram escolhidas entre os 12 jovens. Até aquele momento eram escolhidos apenas representantes masculinos, já que os 12 apóstolos foram todos homens.
O "Bergoglio style", como seu estilo de pontificado já foi batizado, mal chegou ao Vaticano e, segundo alguns observadores, este é apenas o princípio de um papado cujo titular escolheu o nome de Francisco em homenagem a São Francisco de Assis, um homem da paz, dos pobres.