Serra Pelada busca 'garimpo sustentável'
Convênio entre cooperativa e USP quer promover o fim do uso do mercúrio na reabertura de uma das mais famosas jazidas minerais do mundo
Da Redação
Publicado em 22 de agosto de 2012 às 16h59.
São Paulo - Um convênio entre a USP e a Cooperativa dos Garimpeiros dos Minérios de Serra Pelada (Coomispe) quer promover o fim do uso do mercúrio na reabertura de uma das mais famosas jazidas minerais do mundo. À espera de propostas de grandes empresas mineradoras, a associação paraense buscou apoio técnico para criar um modelo de negócio que evite a contaminação ocorrida há três décadas, no auge da corrida do ouro na região.
A Coomispe, uma das oito cooperativas que obtiveram Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) outorgada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNMP), será assessorada pelo recém-criado Núcleo de Apoio à Pequena Mineração Responsável. "Vamos definir um plano de negócio com base na mineração sustentável para ser apresentados aos investidores", afirma o professor Giorgio de Tomi, responsável pelo núcleo da USP.
Com pouco mais de 4 mil associados, a Coomispe dispõe de uma área de 628 hectares próxima a Curionópolis para a exploração de ouro, prata, platina, paládio e silício. Segundo Tomi, a ideia é evitar os problemas enfrentados pela Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), única até agora a ter fechado um contrato para extração. "Essa primeira cooperativa estava muito despreparada ao fechar acordo com a empresa canadense (Colossus). Dificilmente conseguirá colocar em prática uma solução sem mercúrio", diz o professor.
Ainda em fase inicial de negociação, o acordo entre a USP e a Coomispe será votado em assembleia pelos garimpeiros. Caso seja aprovado, o projeto dependerá de estudos de campo para determinar a quantidade de recursos necessários. "A única certeza que temos é de que usaremos o estado da arte da mineração, que é a técnica com o uso de cianeto. Caso contrário, a USP não entraria no projeto, pois não faria sentido promovermos tecnologias com mercúrio", afirma Giorgio de Tomi.
Para Luiz Carlos Martins, diretor comercial da Coomispe, um projeto mais moderno será decisivo para atrair investidores. "Estamos na maior região de minério do País e a USP tem a melhor tecnologia. Queremos um modelo que sirva de exemplo para as outras cooperativas, pois assim nos tornaremos mais competitivos." Segundo ele, o reinício da mineração em Serra Pelada deverá levar de dois a três anos.
Região amazônica
Um grupo técnico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amazonas se reuniu na terça-feira para definir mudanças na Resolução 011/2012, que regulamenta o uso de mercúrio nos garimpos do Estado. No dia 30, a minuta com as alterações será apresentada ao conselho da secretaria - a proposta deve incluir prazos para o banimento do mercúrio e eventuais punições.
A resolução causou polêmica entre ambientalistas locais, que acusam o governo de legitimar o uso do mercúrio na extração de ouro em rios amazônicos, que por suas caraterísticas naturais já possuem uma alta concentração da substância. Além disso, alguns pesquisadores da área ambiental alegaram não terem sido consultados durante a elaboração do documento. Por isso, foram realizadas na última semana dois encontros técnicos para debater a questão. Entre as mudanças cogitadas está o zoneamento da regulamentação: em locais como a região do Alto Rio Negro, que possuem níveis mais altos de mercúrio, poderia haver uma meta mais urgente para a proibição do elemento químico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
São Paulo - Um convênio entre a USP e a Cooperativa dos Garimpeiros dos Minérios de Serra Pelada (Coomispe) quer promover o fim do uso do mercúrio na reabertura de uma das mais famosas jazidas minerais do mundo. À espera de propostas de grandes empresas mineradoras, a associação paraense buscou apoio técnico para criar um modelo de negócio que evite a contaminação ocorrida há três décadas, no auge da corrida do ouro na região.
A Coomispe, uma das oito cooperativas que obtiveram Permissão de Lavra Garimpeira (PLG) outorgada pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNMP), será assessorada pelo recém-criado Núcleo de Apoio à Pequena Mineração Responsável. "Vamos definir um plano de negócio com base na mineração sustentável para ser apresentados aos investidores", afirma o professor Giorgio de Tomi, responsável pelo núcleo da USP.
Com pouco mais de 4 mil associados, a Coomispe dispõe de uma área de 628 hectares próxima a Curionópolis para a exploração de ouro, prata, platina, paládio e silício. Segundo Tomi, a ideia é evitar os problemas enfrentados pela Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), única até agora a ter fechado um contrato para extração. "Essa primeira cooperativa estava muito despreparada ao fechar acordo com a empresa canadense (Colossus). Dificilmente conseguirá colocar em prática uma solução sem mercúrio", diz o professor.
Ainda em fase inicial de negociação, o acordo entre a USP e a Coomispe será votado em assembleia pelos garimpeiros. Caso seja aprovado, o projeto dependerá de estudos de campo para determinar a quantidade de recursos necessários. "A única certeza que temos é de que usaremos o estado da arte da mineração, que é a técnica com o uso de cianeto. Caso contrário, a USP não entraria no projeto, pois não faria sentido promovermos tecnologias com mercúrio", afirma Giorgio de Tomi.
Para Luiz Carlos Martins, diretor comercial da Coomispe, um projeto mais moderno será decisivo para atrair investidores. "Estamos na maior região de minério do País e a USP tem a melhor tecnologia. Queremos um modelo que sirva de exemplo para as outras cooperativas, pois assim nos tornaremos mais competitivos." Segundo ele, o reinício da mineração em Serra Pelada deverá levar de dois a três anos.
Região amazônica
Um grupo técnico da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amazonas se reuniu na terça-feira para definir mudanças na Resolução 011/2012, que regulamenta o uso de mercúrio nos garimpos do Estado. No dia 30, a minuta com as alterações será apresentada ao conselho da secretaria - a proposta deve incluir prazos para o banimento do mercúrio e eventuais punições.
A resolução causou polêmica entre ambientalistas locais, que acusam o governo de legitimar o uso do mercúrio na extração de ouro em rios amazônicos, que por suas caraterísticas naturais já possuem uma alta concentração da substância. Além disso, alguns pesquisadores da área ambiental alegaram não terem sido consultados durante a elaboração do documento. Por isso, foram realizadas na última semana dois encontros técnicos para debater a questão. Entre as mudanças cogitadas está o zoneamento da regulamentação: em locais como a região do Alto Rio Negro, que possuem níveis mais altos de mercúrio, poderia haver uma meta mais urgente para a proibição do elemento químico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo