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Separatistas mentiram para atrair apoio russo, diz ONU

Russófonos teriam tentado justificar um envolvimento da Rússia na atual crise com mentiras


	Ativistas pró-Moscou montam barricada no leste da Ucrânia: relatório pede um esforço urgente pela manutenção do Estado de direito, do respeito aos direitos humanos e contra o chamado "discurso do ódio"
 (Alexander Khudoteply/AFP)

Ativistas pró-Moscou montam barricada no leste da Ucrânia: relatório pede um esforço urgente pela manutenção do Estado de direito, do respeito aos direitos humanos e contra o chamado "discurso do ódio" (Alexander Khudoteply/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2014 às 11h35.

Genebra - Habitantes russófonos do leste da Ucrânia mentiram ao se dizerem sob ataque, na tentativa de justificar um envolvimento da Rússia na atual crise, disse um relatório de direitos humanos da ONU divulgado na terça-feira.

"Apesar de terem ocorrido alguns ataques contra a comunidade étnica russa, eles não foram nem sistemáticos nem disseminados", disse o relatório, preparado com base em duas visitas do secretário-geral-assistente da ONU para direitos humanos, Ivan Simonovic.

"Fotos dos protestos do Maidan, histórias amplamente exageradas de assédio a russos étnicos por extremistas nacionalistas ucranianos e relatos mal-informados de que eles estariam chegando armados para perseguir os russos étnicos da Crimeia foram sistematicamente usados para criar um clima de medo e insegurança que se refletisse no apoio à integração da Crimeia à Federação Russa", disse o texto.

O relatório, que analisa os fatos ocorridos até 2 de abril, pede um esforço urgente pela manutenção do Estado de direito, do respeito aos direitos humanos e contra o chamado "discurso do ódio"- seja a retórica nacionalista ou a defesa da violência étnica ou religiosa.

O texto diz ainda que um grupo direitista chamado Setor Direito, que participou dos protestos do Maidan em Kiev, havia causado preocupação à minoria russófona.

Houve vários relatos de agressões do Setor Direito contra adversários políticos ou representantes do partido que foi deposto do poder no Maidan, afirmou o relatório, que pede investigações sobre o suposto envolvimento desse grupo na morte de agentes do Estado.

Mas Simonovic salientou que, com base em todos os depoimentos colhidos pela delegação da ONU, o medo causado pelo Setor Direito era desproporcional.


Na Crimeia, que realizou em 16 de março um referendo que decidiu pela anexação da região à Rússia, houve "acusações fiáveis" de assédio, detenções arbitrárias e torturas contra ativistas e jornalistas contrários à votação.

O relatório diz que ficou "amplamente avaliado" que pessoas que falam o idioma russo não foram submetidos a ameaças.

O texto acrescenta que funcionários da ONU receberam "muitos relatos de manipulação dos votos" no referendo.

Sobre a eleição presidencial ucraniana marcada para 25 de maio, a ONU disse que é importante assegurar a livre comunicação de informações e ideias sobre questões públicas e políticas entre cidadãos, candidatos e ocupantes de cargos eletivos.

"Isso implica uma imprensa livre e outras mídias capazes de comentar questões públicas sem censura nem restrições, e que informem a opinião pública."

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