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Sentença de prisão perpétua de "Chapo" Guzmán sai nesta quarta em NY

Famoso após duas fugas cinematográficas, o ex-chefe do cartel de Sinaloa, no México, é considerado o maior narcotraficante do mundo

Joaquín "Chapo" Guzmán: uma dos maiores traficantes internacionais de droga receberá sentença de prisão perpétua nesta semana (Daniel Cardenas/Anadolu Agency/Getty Images)
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AFP

Publicado em 15 de julho de 2019 às 12h13.

O mexicano Joaquín "Chapo" Guzmán, um dos traficantes de drogas mais famosos do mundo, passará o resto de sua vida atrás das grades: será sentenciado nesta quarta-feira (17) por um juiz de Nova York, que deve lhe aplicar a prisão perpétua pela gravidade de seus crimes.

O governo americano garante que o ex-chefe do cartel de Sinaloa, de 62 anos e considerado o maior narcotraficante do planeta após a morte do colombiano Pablo Escobar, foi responsável pela importação, ou tentativa de importação, de pelo menos 1.213 toneladas de cocaína, 1,44 tonelada de base de cocaína, 222 quilos de heroína, quase 50 toneladas de maconha e "quantidades" de metanfetaminas para os Estados Unidos, por 25 anos.

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Após um julgamento de três meses, um júri o declarou culpado, em 12 de fevereiro, pelos dez crimes de tráfico de drogas , posse de armas e lavagem de dinheiro, dos quais foi acusado. Por lei, o juiz federal do Brooklyn Brian Cogan deve aplicar, obrigatoriamente, a prisão perpétua.

A Procuradoria exige mais 30 anos pelo uso de armas de fogo, como metralhadoras, para cometer crimes ligados ao tráfico de drogas.

"Sedento de sangue"

"A irrefutável prova no julgamento mostrou que o acusado é um líder do cartel de Sinaloa impiedoso e sedento de sangue", escreveu a Procuradoria na semana passada ao juiz Cogan.

O anúncio da sentença será nesta quarta-feira, a partir das 9h15 locais (11h15 em Brasília).

Pelo menos uma das vítimas que sobreviveram a uma tentativa de homicídio ordenada por "El Chapo" falará na sentença, de acordo com a Procuradoria.

De todas as vítimas que o governo americano conseguiu localizar e entrar em contato, apenas uma disse que tentará receber uma indenização do "Chapo".

Embora seu nome não tenha sido divulgado, pode se tratar do ex-piloto e tesoureiro do Chapo Miguel Ángel "Gordo" Martínez, que hoje vive com uma nova identidade nos Estados Unidos. Em juízo, ele contou que "El Chapo" mandou matá-lo quatro vezes, a facadas e com granadas.

Durante o julgamento, a acusação apresentou provas de que "El Chapo" ordenou a morte, ou torturou e matou ele mesmo, pelo menos 26 pessoas, incluindo informantes, rivais do tráfico, policiais, sócios e até familiares.

Protagonista de duas espetaculares fugas de prisões mexicanas e extraditado para os Estados Unidos em janeiro de 2017, "El Chapo" está detido desde então em isolamento quase total em um presídio de segurança máxima de Manhattan.

Deve cumprir sua sentença na prisão de Colorado ADX Florence, conhecida como a "Alcatraz das Montanhas Rochosas" e considerada a mais segura dos Estados Unidos.

A última vez que "El Chapo" verá sua mulher, Emma Coronel, uma ex-miss de 30 anos e mãe de suas pequenas filhas gêmeas, será, muito provavelmente, nesta quarta. As autoridades não permitem que ela o visite na prisão, nem que conversem por telefone.

Uma "narconovela" verdadeira

O julgamento de três meses foi uma fascinante viagem a um dos maiores e mais impiedosos cartéis da droga, um drama com um elenco impressionante: seus próprios protagonistas.

Durante o processo, a Procuradoria convocou 56 testemunhas, incluindo 14 ex-sócios, amigos e até uma amante de "El Chapo" que fugiu com ele nu, correndo por um túnel, assim como agentes do FBI, da DEA e de outras agências do governo americano.

O júri ouviu conversas do "Chapo" com seus sócios e viu pacotes de cocaína, lança-granadas e rifles de assalto apreendidos com o chefão do tráfico.

As testemunhas relataram como "El Chapo" comprava toneladas de cocaína na Colômbia a 3.000 dólares o quilo e as revendia nos Estados Unidos por até 35.000 dólares o quilo, com a cumplicidade de corruptos funcionários do México.

O governo americano pediu o embargo de cerca de 12,6 bilhões de dólares em bens de "El Chapo", a quantia que teria acumulado por traficar droga para os Estados Unidos. Até agora, porém, não conseguiu reter um único centavo.

O advogado Eduardo Balarezo, que defendeu "El Chapo" em seu processo, garante que se trata de um show inútil.

"O pedido do governo de prisão perpétua mais 30 anos é uma farsa. A condenação e a detenção de Joaquín por narcotráfico não mudará em nada a chamada guerra contra as drogas", afirmou.

A Justiça americana reconhece que, apesar da captura de "El Chapo", o cartel de Sinaloa continua sendo "o maior fornecedor de drogas para os Estados Unidos", disse recentemente à AFP a procuradora especial de narcóticos de Nova York, Bridget Brennan.

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