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Segunda onda no Brasil antes da vacina? Sim, é possível, diz Johns Hopkins

Em entrevista à EXAME, especialista da universidade americana alerta para o risco de uma segunda onda no Brasil no final do ano

Brasil pode ter mais casos com chegada do verão e aglomerações (Getty/Getty Images)
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Carla Aranha

Publicado em 11 de novembro de 2020 às 10h09.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 11h53.

Desde o início da pandemia , a universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, se tornou uma referência mundial na coleta de dados sobre a covid-19 e o rastreamento do número de casos no mundo. Seus especialistas vêm tentando encontrar respostas para o novo vírus e as tendências de novas infecções. Em entrevista à EXAME, Francisco González, especialista em América Latina e no Brasil, discute a chegada de uma segunda onda no país. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.

A segunda onda do coronavirus pode atingir o Brasil?

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De acordo com a perspectiva de novos casos diários, as informações epidemiológicas da Universidade Johns Hopkins mostram que o número de casos no Brasil aumentou entre maio e julho e começou a diminuir em agosto. A curva vem caindo desde então, mas o país está registrando de 15 mil a 20 mil novos casos por dia em novembro. É preciso ficar atento a isso.

Diante disso, quais são as chances de termos uma segunda onda aqui?

A probabilidade de uma segunda onda no Brasil depende de como as autoridades e a sociedade vão tratar da questão. A mensagem deve ser de que as pessoas precisam continuar obedecendo regras como usar máscaras, manter o distanciamento social e lavar as mãos com frequência. Com fortes medidas de saúde pública observadas por toda a sociedade uma segunda onda poderá ser evitada.

Em dezembro, começa o verão no Brasil. O clima quente pode enfraquecer a propagação do vírus?

Não. O vírus continuará circulando em locais tropicais quentes e naqueles de clima mais frio, da mesma forma. Todos os seres humanos podem ser potencialmente expostos ao vírus se entrarem em contato com uma pessoa que está infectada, mesmo que ela não apresente sintomas. E isso acontece com tempo quente e frio, não faz diferença.

No final do ano, há festas de réveillon e muita gente viaja no Brasil. Com isso, há mais chances de um aumento expressivo do número de casos?

É importante perceber que a probabilidade de uma segunda onda vai depender do comportamento das pessoas. Com muita gente se reunindo sem manter o distanciamento social ou fazendo aglomerações, há mais chances que o número de casos aumenta bastante. Em todas as ocasiões, também é importante usar máscaras.

Na Europa e nos Estados Unidos, o número de casos está aumentando de forma alarmante. A que se deve isso?

Com a chegada do verão, em junho e julho, as pessoas começaram a sair muito mais para socializar. Com isso, houve uma retomada do contato próximo entre as pessoas. Muitas não obedeceram a medidas básicas como usar máscaras, manter o distanciamento social e não se reunir em grandes grupos, particularmente em ambientes fechados.

Não se trata então de uma mutação do vírus que começou a se espalhar?

Não há evidências de que a segunda onda nos Estados Unidos e na Europa seja o resultado de uma nova cepa do vírus. Especialistas em doenças infecciosas e virologistas que estudam o SARS-CoV-2, o vírus que produz a infecção e a doença causada pela covid-19, indicam que o coronavírus é relativamente estável e não sofreu mutação em novos subtipos capazes de gerar grandes surtos de infecção.

O que mudou em relação à taxa de mortalidade e de infecção observadas na segunda onda?

Em relação à taxa de mortalidade, agora os médicos sabem tratar melhor a doença do que há seis meses. Casos graves, por exemplo, podem ser administrados com anti-inflamatórios. Mas a taxa de infecção pode ficar pior na medida em que as pessoas no mundo todo ficarem mais complacentes porque os médicos agora sabem melhor como tratar os efeitos colaterais ou porque as vacinas devem ser lançadas no ano que vem. Se a pessoas deixam de se precaver contra a covid-19, o vírus vai se espalhar mais agressivamente. É o que temos observados nos países que estão vivendo a segunda onda.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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