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Secretário dos EUA renuncia após criticar capitão deposto por coronavírus

Capitão da Marinha foi deposto após escrever uma carta criticando isolamento de 5 mil tripulantes em navio com casos de coronavírus

Navio americano Theodore Roosevelt  em quarentena por coronavírus (Kham/Reuters)

Navio americano Theodore Roosevelt em quarentena por coronavírus (Kham/Reuters)

Isabela Rovaroto

Isabela Rovaroto

Publicado em 7 de abril de 2020 às 19h24.

O secretário interino da Marinha dos Estados Unidos, Thomas Modly, renunciou nesta terça-feira (7), após insultar o capitão da Brett Crozier, que ganhou destaque na imprensa americana depois de escrever uma carta criticando as instalações de um porta-aviões no qual cerca de 5 mil tripulantes da corporação fazem quarentena e estão em isolamento por conta do coronavírus.

De acordo com três fontes do jornal Washington Post, a renúncia do secretário Modly ocorreu depois que ele viajou para Guam para fazer um discurso para a tripulação do porta-aviões Theodore Roosevelt, cujo comandante, capitão Brett Crozier, foi deposto na última semana e foi diagnosticado com coronavírus.

Durante o discurso, o então secretário acusou o capitão Crozier de ter vazado a carta sobre suas preocupações com a tripulação para a mídia ou de ser "ingênuo ou estúpido demais para ser o comandante de um navio como este".

As declarações do secretário irritaram os tripulantes do navio, que tem mais de 170 casos de coronavírus confirmados. A opinião publica se voltou contra Modly, que pediu desculpas por ter insultado Crozier.

"Marinheiros não precisam morrer", alertou o capitão

Em uma carta contundente, o capitão do porta-aviões Brett Crozier solicitou ao comando da Marinha dos Estados Unidos medidas mais fortes para salvar a vida de seus marinheiros e impedir a propagação do coronavírus a bordo da embarcação.

A carta, de quatro páginas, cujo conteúdo foi confirmado pelas autoridades norte-americanas à Reuters nesta terça-feira, descreveu uma situação sombria a bordo do porta-aviões com energia nuclear, à medida que cada vez mais marinheiros têm resultados positivos para o vírus.

O capitão escreveu que o navio carecia de instalações suficientes de quarentena e isolamento, e alertou que a estratégia atual desaceleraria o avanço da doença, mas não conseguiria erradicar o vírus.

Na carta, Crozier pediu "ação decisiva" e a remoção de mais de 4 mil marinheiros do navio e o isolamento deles. Juntamente com a tripulação do navio, a aviação naval e outros servem a bordo do Roosevelt.

"Não estamos em guerra. Os marinheiros não precisam morrer. Se não agirmos agora, estamos falhando em cuidar adequadamente de nosso bem mais confiável -- nossos marinheiros", escreveu Crozier.

O porta-aviões estava no Pacífico quando a Marinha informou seu primeiro caso de coronavírus, há uma semana. Desde então, chegou ao porto de Guam, um território insular dos Estados Unidos no Pacífico ocidental.

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