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São 450 mil os refugiados no Afeganistão

Segundo o ministério afegão dessa área, a maior parte dessas pessoas é do sul do país, onde estão os principais redutos da insurgência talibã

Um relatório recente da ONU indicou que milhares de pessoas vivem em 'condições lamentáveis, de frio e à beira da inanição' em colônias de refugiados em Cabul (Getty Images)

Um relatório recente da ONU indicou que milhares de pessoas vivem em 'condições lamentáveis, de frio e à beira da inanição' em colônias de refugiados em Cabul (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2012 às 10h27.

Cabul - Mais de três décadas de guerra no Afeganistão obrigaram milhões de afegãos a fugir para o exterior ou a viver em áreas menos conflituosas do país asiático, onde o frio e a falta de recursos são obstáculos que as pessoas têm que enfrentar.

A maior parte dos refugiados encontra abrigo nos vizinhos Irã e Paquistão, enquanto outros tentam refazer sua vida em acampamentos espalhados pelo Afeganistão que dependem da ajuda da comunidade internacional.

'Existem 450 mil refugiados no Afeganistão, entre refugiados internos, emigrantes econômicos e aqueles que retornaram ao país', afirmou à Agência Efe o porta-voz da delegação afegã do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), Nader Farhat.

Segundo o ministério afegão dessa área, a maior parte dessas pessoas é do sul do país, onde estão os principais redutos tradicionais da insurgência talibã.

Os refugiados estão concentrados principalmente em províncias relativamente tranquilas como Parwan (centro), Herat (oeste) e Mazar-e-Sharif (norte), além de Cabul, cidade onde vivem pelo menos 24 mil deles em barracas em meio a uma centena de acampamentos.

Esse é o caso de Hodkhail, de 65 anos, que vive preocupado com a proteção de sua numerosa família contra o frio em um inverno que foi muito rigoroso - o pior dos últimos 17 anos no Afeganistão - no campo de Qambar.

De acordo com dados oficiais, as condições climatológicas adversas causaram a morte até o momento de 28 menores em acampamentos situados nos arredores de Cabul, além de ter deixado mortas outras 40 pessoas refugiadas no resto do país.

'É muito difícil para um ser humano viver em uma barraca fria, sem comida, cobertor, fogo e outras coisas boas da vida', lamentou Hodkhail, que vive junto com 22 familiares, entre os quais estão filhos e netos em idades entre 6 e 14 anos.


Um relatório recente da ONU indicou que milhares de pessoas vivem em 'condições lamentáveis, de frio e à beira da inanição' em colônias de refugiados em Cabul, 'enquanto o Governo não só ignora sua situação como impede a chegada de ajuda'.

Hodkhail não teve poder de escolha, foi obrigado a fugir do distrito de Alingar, na província de Laghman, após um bombardeio da Otan e ataques lançados pelos rebeldes. Agora trabalha com três filhos em um dos mercados de verduras mais populares de Cabul e ganha, em um dia de sorte, cerca de US$ 15.

'Desde que estamos aqui não recebemos nenhuma ajuda do Governo e dos países doadores', explicou à Efe outro refugiado interno, Ahmad Sha Khan, de 29 anos e pai de quatro filhos com duas mulheres diferentes.

'Meu filho mais velho tem nove anos, mas ainda não vai à escola', lamentou.

De acordo com o estudo da ONU, as crianças que vivem esse tipo de situação têm pouco acesso à educação, o que se soma aos obstáculos de muitos centros de ensino.

Há casos de crianças que não são aceitas na escola por usarem roupas sujas e outros em que a entrada delas é negada por não terem um cartão nacional de identificação, um documento que só pode obtido na província natal, indicaram as autoridades.

Apesar dos bilhões em ajuda econômica internacional que chegaram na última década ao Afeganistão, o país continua apresentando um dos índices de desenvolvimento mais baixos do mundo. E o conflito aumentou nos últimos anos, se espalhando progressivamente a diversas partes do território antes consideradas relativamente pacíficas.

Em meio ao confronto estão os civis, um grupo que a cada ano, desde 2007, sofre um maior número de vítimas, chegando a mais de três mil no ano passado, anunciaram as Nações Unidas.

'A Otan e o Exército do Afeganistão nos pediram que abandonássemos a zona antes de lançar uma ofensiva, mas os talibãs nos deixaram ficar', explicou Mohammed, que emigrou da província de Nangarhar. 

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