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Saiba quem é Igor Kirillov, general russo morto em explosão

Há sete anos no cargo, ele era acusado pela Ucrânia de utilizar armas proibidas no campo de batalha, com mais de 4.800 incidentes registrados

Um alto oficial militar russo foi morto em 17 de dezembro de 2024 quando um dispositivo explosivo escondido em uma scooter explodiu do lado de fora de um prédio em Moscou (AFP)

Um alto oficial militar russo foi morto em 17 de dezembro de 2024 quando um dispositivo explosivo escondido em uma scooter explodiu do lado de fora de um prédio em Moscou (AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 10h01.

Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 10h03.

Igor Kirillov, general sênior das Forças Armadas da Rússia e chefe da divisão de armas químicas, radiológicas e biológicas, foi morto nesta terça-feira em uma explosão em Moscou. No cargo desde 2017, ele se tornou uma figura central nas políticas de defesa do Kremlin, sendo acusado por fontes ucranianas de supervisionar o uso de armas químicas proibidas na Ucrânia — o que desencadeou uma série de sanções dos EUA e de países europeus. Para os russo, porém, era visto como um patriota incansável, que lutava pela verdade e expunha os “crimes” ocidentais.

Kirillov, de 54 anos, teve uma longa carreira militar focada em materiais perigosos. Antes de assumir o comando das tropas de proteção radiológica, química e biológica, ele liderou a Academia Militar de Radiação, Defesa Química e Biológica da Rússia entre 2014 e 2017. Sua experiência o consolidou como uma autoridade na área, e ele rapidamente ascendeu ao cargo de chefe da força, onde esteve à frente das operações de defesa química e biológica do país por sete anos.

As principais tarefas da força envolvem a identificação de perigos e a proteção de unidades contra contaminação, mas também “causar perdas ao inimigo usando meios incendiários de chamas”, segundo o Ministério da Defesa russo. Sob a liderança de Kirillov, o Exército russo foi acusado de utilizar armas químicas no campo de batalha, com mais de 4.800 incidentes registrados, de acordo com o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).

Kirillov também foi uma figura polêmica, amplamente reconhecida por suas declarações extremas e frequentemente infundadas, o que levou o Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido a rotulá-lo como um “importante porta-voz da desinformação do Kremlin”.

Entre suas afirmações mais ultrajantes estava a de que os EUA estavam construindo laboratórios de armas biológicas na Ucrânia. Ela foi usada em uma tentativa de justificar a invasão em grande escala de seu vizinho menor em 2022. Além disso, suas acusações de que a Ucrânia estava criando uma “bomba suja” e utilizando armas químicas com a ajuda do Ocidente foram amplamente desmentidas por especialistas internacionais, mas ainda assim ganharam destaque na propaganda russa.

Reino Unido, EUA e Canadá impuseram sanções a Kirillov, qualificando-o como responsável por “usar armas químicas desumanas” no campo de batalha.

O general foi morto nesta terça-feira, juntamente com seu assistente, por explosivos colocados em um patinete elétrico enquanto saía de sua residência em Moscou. Fontes do serviço de segurança da Ucrânia disseram que estavam por trás da explosão e a descreveram como uma operação especial contra um “criminoso de guerra” e um alvo legítimo. Alguns comentaristas russos, porém, disseram que o atentado poderia ter sido realizado por agentes inimigos, como britânicos ou americanos.

Kirillov representava a linha dura do Kremlin na guerra contra a Ucrânia, e sua morte foi lamentada como uma grande perda pela elite política e militar da Rússia. Um minuto de silêncio foi observado no Parlamento russo, a Duma.

A morte de Kirillov também serve como um lembrete da crescente complexidade do conflito, com ataques a alvos de alto escalão em Moscou, mostrando a capacidade crescente da Ucrânia de atingir figuras importantes no coração do regime russo. O assassinato não só é visto como um golpe para o Kremlin, mas também como uma evidência das tensões e da escalada do conflito, refletindo a intensidade da guerra, que agora ultrapassa o campo de batalha e alcança o próprio centro de poder da Rússia.

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