Rússia restringe acesso à BBC e outros sites de notícias estrangeiros
A Rússia reclama repetidamente que as organizações de mídia ocidentais oferecem uma visão parcial — e muitas vezes antirrussa — do mundo
Reuters
Publicado em 4 de março de 2022 às 12h37.
Última atualização em 4 de março de 2022 às 13h38.
A agência de comunicação da Rússia restringiu o acesso a sites de várias organizações de notícias estrangeiras, incluindo a BBC e a Deutsche Welle, por divulgar o que classificou como informações falsas, em meio a atritos sobre reportagens em relação à Ucrânia.
A Rússia reclama repetidamente que as organizações de mídia ocidentais oferecem uma visão parcial — e muitas vezes antirrussa — do mundo, enquanto não responsabilizam seus próprios líderes por guerras estrangeiras devastadoras, como Iraque, e pela corrupção.
O órgão regulador disse nesta sexta-feira que bloqueou BBC, Voice of America, Radio Free Europe/Radio Liberty, Deutsche Welle e outros meios de comunicação, informou a agência de notícias Interfax.
A BBC disse que não seria dissuadida.
"O acesso a informações precisas e independentes é um direito humano fundamental que não deve ser negado ao povo da Rússia, milhões dos quais confiam na BBC News todas as semanas", afirmou.
"Continuaremos nossos esforços para disponibilizar a BBC News na Rússia e no resto do mundo."
Alguns usuários na Rússia não conseguiram acessar o site da BBC nesta sexta-feira.
Líderes ocidentais há anos levantam preocupações sobre o domínio da mídia estatal na Rússia e dizem que as liberdades conquistadas quando a União Soviética entrou em colapso em 1991 foram revertidas pelo presidente Vladimir Putin.
A agência de notícias russa RIA disse que o acesso aos sites do serviço russo da BBC, bem como da Radio Liberty e do meio de comunicação Meduza, estava sendo limitado, citando o registro oficial do órgão de vigilância da mídia.
De acordo com um aviso oficial recebido em 3 de março, o órgão de vigilância de comunicações russo afirmou que o serviço russo da Radio Liberty havia espalhado "informações socialmente significativas obviamente falsas sobre o suposto ataque russo ao território ucraniano".
Descrever a situação na Ucrânia tornou-se uma questão delicada em Moscou.
Putin disse que a "operação militar especial" é essencial para garantir a segurança russa depois que os Estados Unidos ampliaram a aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para as fronteiras da Rússia e apoiaram líderes pró-ocidentais em Kiev.
Autoridades russas não usam a palavra "invasão" e dizem que a mídia ocidental falhou em relatar o que eles classificaram como "genocídio" de pessoas de língua russa na Ucrânia.
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