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Rússia inicia ratificação do tratado de desarmamento nuclear Start

Acordo que deve diminuir em 30% o número de ogivas nucleares foi aprovado na primeira votação no parlamento russo

Obama é um "homem que cumpre suas promessas", disse Medvedev após o acordo (Pool/Getty Images)

Obama é um "homem que cumpre suas promessas", disse Medvedev após o acordo (Pool/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 24 de dezembro de 2010 às 14h17.

Moscou - A Rússia deu nesta sexta-feira o primeiro passo no processo de ratificação do tratado de desarmamento nuclear Start ao aprovar na Duma (Assembleia Nacional russa) em primeira votação o documento que já havia sido ratificado nesta semana pelo Senado dos Estados Unidos.

"Este documento será a base da segurança do continente europeu e de todo o mundo durante as próximas décadas", afirmou o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, em declarações à rede de televisão pública russa.

Medvedev elogiou os esforços realizados nas últimas semanas pelo presidente americano, Barack Obama, ao qual descreveu como "homem que cumpre suas promessas", para conseguir o apoio do Senado americano.

"Ele realmente agiu muito bem: em condições muito complexas conseguiu impulsionar a ratificação de um importantíssimo documento para reduzir as armas nucleares estratégicas", ressaltou.

O novo tratado Start reduz em 30% o número de ogivas nucleares, até 1.550 por país, e limita a 800 o número de vetores estratégicos, como mísseis intercontinentais e submarinos.

O tratado internacional foi aprovado pela Duma na primeira de suas três votações com o apoio de 350 deputados, enquanto 58 votaram contra e não houve abstenções.

Embora a votação tenha sido secreta, o resultado significa que a aprovação do documento foi garantida pelos deputados do partido do Kremlin, Rússia Unida, que controla dois terços das cadeiras da Câmara, e do também governista Rússia Justa. Já os deputados comunistas, que contam com 57 assentos, foram os que votaram contra o Start.

A Duma decidiu que em janeiro fará a segunda e terceira votações do projeto de lei de ratificação aprovado nesta sexta-feira e no qual poderão ser introduzidas emendas.

Está é a primeira vez que a lei de ratificação de um tratado internacional assinado pela Rússia é examinado em três períodos, o que é um sinal de sua complexidade.

Ao assinar o Start em abril, Rússia e EUA se concordaram em sincronizar a ratificação do tratado, que recebeu na quarta-feira a aprovação do Senado americano.

Antes da votação, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, advertiu que a recusa da Duma de ratificar o tratado representaria "um grave revés para a reputação do país".

A Duma insistirá na vinculação jurídica entre o Start e o escudo antimísseis americano, visto que Obama teria prometido continuar desenvolvendo o sistema na Europa.

Apesar da indefinição, o presidente da Duma, Boris Grizlov, previu que a Câmara ratificará o tratado no início do próximo ano, que segue a regra tácita da Guerra Fria: redução equitativa para manter a paridade nuclear.

Os comunistas e ultranacionalistas tentaram retirar da agenda do dia o projeto de lei de ratificação, mas a iniciativa não obteve respaldo da Câmara.

"Querem que a votação seja às cegas, sem podermos saber do que se trata; querem que se cometa mais um ato de traição nacional", disse o deputado comunista Victor Iliujin, um dos vice-presidentes da Duma.

Ambos os partidos consideram que o tratado enfraquecerá a Rússia, já que não limita o escudo antimísseis americano nem o desdobramento de mísseis balísticos em navios.

Por outro lado, o ministro da Defesa russo, Anatoli Serdiukov, assegurou que o Start não influirá no processo de rearmamento das Forças Armadas Russas durante as próximas duas décadas, enquanto os EUA terão que promover cortes importantes.

Concretamente, Serdiukov disse que o novo tratado não interferirá no míssil intercontinental Bulava, que é capaz de burlar qualquer escudo antimísseis e que será produzido em série no final do próximo ano ou em 2012.

No entanto, Lavrov assegurou que a Rússia está disposta a começar as negociações para a redução de armas táticas e armamento convencional na Europa em 2011.

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