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Rússia e EUA apoiam investigar ataque, mas discordam sobre Assad

O secretário de Estado americano voltou a insistir que "o reinado da família de Assad está chegando a seu fim"

Tillerson e Lavrov: o ministro russo salientou que a queda de Assad beneficiaria apenas o Estado Islâmico (Sergei Karpukhin/Reuters)
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EFE

Publicado em 12 de abril de 2017 às 16h59.

Moscou - O ministro das Relações Exteriores da Rússia , Serguei Lavrov, e o secretário de Estado dos Estados Unidos , Rex Tillerson, apoiaram nesta quarta-feira uma investigação do ataque químico da passada semana na província síria de Idlib, mas discordaram sobre o futuro do regime de Bashar al Assad.

"Vemos que os Estados Unidos estão dispostos a apoiar tal investigação", afirmou Lavrov em coletiva de imprensa conjunta com Tillerson depois que ambos se reuniram no Kremlin com o presidente Vladimir Putin.

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Lavrov assegurou que a Rússia defende que a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) inicie "imediatamente" uma investigação no terreno.

O ministro russo lembrou que a Síria já deu autorização para a entrada de especialistas internacionais em seu território para que examinem tanto o local do ataque (Khan Sheikhoun), como o aeroporto do qual supostamente foi lançado (Shayrat) e que foi depois bombardeado pelos EUA.

A esse respeito, Tillerson assegurou que, na opinião de Washington, o regime de Assad planejou e efetuou o ataque químico no qual morreram quase 100 pessoas no último dia 4 de abril.

O secretário de Estado americano garantiu ainda que tal ataque "foi somente um dos casos relacionados com o uso de armas químicas por parte do regime de Assad. Foram mais de 50 incidentes".

Quanto ao futuro de Assad, Tillerson reconheceu que esse assunto foi tratado e voltou a insistir que "o reinado da família de Assad está chegando a seu fim", e que a comunidade internacional nunca aceitará que o líder sírio assuma algum papel no futuro desse país.

Além disso, ressaltou que os EUA consideram "muito importante que a saída de Assad ocorra de maneira estruturada e organizada, para que todos os grupos (étnicos sírios) sejam representados na mesa de negociações".

Tillerson opinou que a Rússia, como "aliado mais próximo" de Damasco, deve fazer Assad compreender essa realidade irrefutável, ao mesmo tempo que disse que ambas partes concordam na necessidade de uma Síria "unida e estável".

Em resposta, o chefe da diplomacia russa lembrou o ocorrido quando os EUA decidiram promover a derrocada dos líderes da antiga Iugoslávia, Libia e Iraque, e salientou que a queda de Assad beneficiaria apenas o Estado Islâmico.

Além disso, Lavrov comentou que Putin assegurou hoje a Tillerson no encontro trilateral no Kremlin sua disposição a retomar a cooperação militar na Síria, desde que os EUA confirmem que o objetivo é a luta contra os grupos terroristas.

A Rússia suspendeu o acordo bilateral para evitar incidentes aéreos sobre a Síria depois que os EUA bombardearam o território do país no último dia 7 de abril.

Por fim, Tillerson admitiu que as relações entre ambos países estão em um nível "muito baixo" e que isso não é possível entre as duas grandes potências nucleares.

"Temos que pôr fim à permanente degradação de nossas relações", declarou Tillerson, antecipando o acordo para criar grupos de trabalho com o fim de normalizar as relações entre Moscou e Washington.

Lavrov e Tillerson, que não chegaram a abordar as sanções ocidentais contra a Rússia, concordaram que a prioridade de ambos países é a luta antiterrorista e combater o Estado Islâmico.

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