Rússia e Catar levam a Copa do Mundo para novas terras
Fifa optou por novos mercados e pela primeira vez Copa chega ao leste europeu e ao Oriente Médio
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 15h43.
Zurique - A Fifa deu seu reconhecimento máximo aos mercados emergentes nesta quinta-feira, ao conceder as edições de 2018 e de 2022 da Copa do Mundo à Rússia e ao Catar.
A Rússia ganhou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2018. Será a primeira vez que o evento acontecerá no Leste Europeu, depois de 10 edições na porção ocidental do continente.
O Catar sediará o torneio em 2022, um feito inédito tanto para o Oriente Médio como para um país árabe. O país também será o menor da história a sediar uma Copa do Mundo, com uma população de 1,7 milhão de habitantes.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, que anunciou os vencedores após a votação do comitê executivo da entidade na capital financeira da Suíça, exaltou o avanço da Copa do Mundo para novas regiões.
"Vamos para novos territórios. A Copa do Mundo nunca foi na Rússia e no Leste Europeu, e o Oriente Médio e o mundo árabe esperaram por muito tempo, então sou um presidente feliz quando falamos de desenvolvimento no futebol", disse Blatter após o anúncio.
A Copa do Mundo deste ano ocorreu na África do Sul, pela primeira vez no continente africano. O Mundial de 2014 será no Brasil, voltando ao país pela primeira vez após a distante Copa de 1950.
O comitê executivo do órgão que rege o futebol mundial votou pelas candidaturas vencedoras após uma campanha acirrada, com líderes políticos e personalidades do esporte marcando presença em Zurique a fim de pressionar para receber um dos prêmios mais lucrativos e de maior prestígio do mundo no esporte.
Favoritos de longa data
A Rússia derrotou outras três candidaturas da Europa: Inglaterra e as candidaturas conjuntas de Holanda/Bélgica e Espanha/Portugal.
Há muito tempo o país estava entre os favoritos, mas o não comparecimento do primeiro-ministro Vladimir Putin antes da votação em Zurique, somado aos despachos diplomáticos dos EUA que vazaram no WikiLeaks descrevendo a Rússia como uma "autocracia corrupta", pareciam ter prejudicado a candidatura russa nas últimas 24 horas, de acordo com alguns observadores em Zurique.
O vice-primeiro-ministro russo, Igor Shuvalov,cuja delegação festejou alegremente o anúncio, disse: "Vocês nos confiaram a Copa do Mundo da Fifa de 2018 e eu posso apenas prometer, nós todos podemos prometer, vocês nunca se arrependerão disso. Vamos fazer história juntos."
O Catar ficou com as honras para 2022, vencendo os rivais Austrália, Japão, Coreia do Sul e EUA.
No documento de candidatura à Fifa o país se comprometeu a construir nove estádios novos e renovar outros três existentes ao custo de cerca de 3 bilhões de dólares.
O chefe da candidatura do Catar, xeque Mohammed bin Hamad Al-Thani, disse ao executivo da Fifa: "Obrigado por nos apoiar e ampliar o esporte. Vocês ficarão orgulhosos conosco e com o Oriente Médio."
O processo de votação ocorreu sob um pano de fundo bastante carregado, depois de a mídia britânica ter feito acusações de corrupção contra uma série de membros do comitê executivo da Fifa.
O comitê executivo, reduzido a 22 membros depois que dois integrantes foram suspensos por causa das alegações, votou secretamente. Os números da votação divulgados pela Fifa posteriormente mostraram que Rússia e Catar lideraram todas as rodadas da votação.
Para 2018, a Inglaterra foi eliminada logo de cara, com apenas dois votos, e a Rússia foi corada vencedora já na segunda rodada, ao receber 13 dos 22 votos.
O Catar venceu os Estados Unidos na votação final para 2022 por 14 votos a 8. Austrália, Japão e Coreia do Sul foram eliminados nessa ordem.
Os 22 membros do comitê executivo da Fifa votaram nas duas sedes após verem apresentações de meia hora de cada uma das quatro candidaturas europeias para a competição de 2018. Na quarta-feira, os concorrentes a 2022 já tinham se apresentado.
Essa foi a primeira vez que a Fifa realizou votações no mesmo dia para escolher duas sedes de Copa do Mundo.