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Rússia deve tirar tropas da fronteira com Ucrânia, diz Obama

O presidente americano Barack Obama disse que a Rússia deve retirar as tropas da fronteira com a Ucrânia e começar a negociar com a comunidade internacional

Barack Obama: decisão do presidente russo de deslocar forças militares na fronteira pode ser "simplesmente um esforço para intimidar a Ucrânia", disse (Saul Loeb/AFP)

Barack Obama: decisão do presidente russo de deslocar forças militares na fronteira pode ser "simplesmente um esforço para intimidar a Ucrânia", disse (Saul Loeb/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de março de 2014 às 11h04.

Washington - O presidente americano Barack Obama pediu nesta sexta-feira à Rússia que retire suas tropas da fronteira com a Ucrânia, depois da operação na Crimeia que, segundo o presidente russo Vladimir Putin, foi um "teste bem sucedido" para seu exército.

Em uma entrevista exibida pelo canal CBS News antes de uma visita à Arábia Saudita, Obama disse que a decisão de Putin de concentrar forças militares na fronteira pode ser "simplesmente um esforço para intimidar a Ucrânia, ou pode ser que eles tenham planos adicionais".

Apesar das estimativas diferentes sobre o número de militares russos concentrados na fronteira, de acordo com as fontes, Obama destacou que para "aliviar a situação" a Rússia deveria ordenar "o recuo das tropas e começar negociações diretamente com o governo ucraniano, assim como com a comunidade internacional".

Putin, por sua parte, confirmou implicitamente a participação de militares russos na tomada de controle da Crimeia, a península ucraniana anexada pela Rússia após o referendo separatista de 16 de março que desatou a crise com o Ocidente.

"Os acontecimentos na Crimeia foram um teste. Demonstraram as novas capacidades de nossas Forças Armadas e a moral sólida dos homens", declarou o presidente russo durante uma cerimônia no Kremlin.

O profissionalismo dos militares russos "permitiu evitar as provocações e impediu o derramamento de sangue, além de ter garantido as condições de um referendo livre e pacífico", disse Putin.

"Agora temos que continuar com o desenvolvimento das capacidades de combate das unidades de nossas Forças Armadas, incluindo no Ártico".

No fim de fevereiro, Putin solicitou e conseguiu que o Senado russo autorizasse uma intervenção do exército na Ucrânia.

Homens armados, mas sem o distintivo de sua nacionalidade, tomaram o controle das infraestruturas da península da Crimeia, mas nunca houve uma confirmação oficial até agora da intervenção de militares russos.

Mais cedo, Viktor Yanukovytch, o presidente destituído ucraniano em 22 de fevereiro, fez sua terceira aparição desde que fugiu para a Rússia e pediu a organização de referendos em cada região da ex-república soviética para determinar seu status.


"Como presidente que está com vocês em pensamento e com a alma, peço a cada cidadão razoável da Ucrânia: não deixem que os impostores usem vocês! Exijam a organização de um referendo sobre o status de cada região da Ucrânia", declarou, em um apelo ao povo ucraniano divulgado pela agência russa ITAR-TASS.

Ele descartou a "possibilidade de eleições justas", mas Kiev se prepara para uma votação em 25 de maio. Os postulantes à presidência têm até o próximo domingo para anunciar as candidaturas.

Pró-europeus favoritos

Com a candidatura de Yulia Timoshenko, que aos 53 anos se mostra mais decidida do que nunca, a campanha promete ser acirrada entre os líderes do movimento pró-europeu, que lideram as pesquisas.

O ex-campeão de boxe Vitali Klitschko poderia ceder sua candidatura ao ex-ministro e empresário Petro Porochenko, favorito das pesquisas. Outros candidatos que aparecem com bons números nas sondagens são o nacionalista Oleg Tiagnikboke e o líder do movimento paramilitar ultranacionalista Pravy Sektor, Dimytro Yaroch.

Vários representantes do Partido das Regiões, de Yanukovytch, já manifestaram interesse.

Timoshenko, que deixou a prisão no dia da destituição de Yanukovytch, apresentou o tom de sua campanha ao chamar o presidente russo Vladimir Putin de inimigo número um e prometer o fim da "agressão" de Moscou.

A rápida anexação da península pela Rússia foi condenada na quinta-feira por uma resolução não vinculante da Assembleia Geral da ONU.

O governo russo chamou de "iniciativa contraproducente" a resolução, que apenas complica a solução da crise política na Ucrânia.

As autoridades de transição em Kiev tentam manter a pressão e alertam sobre a possibilidade de uma intervenção russa no leste da Ucrânia, com população majoritária de língua russa.

*Atualizada às 11h03 do dia 28/03/2014

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