Acordo nuclear: o EUA alegam que as negociações para a Rússia a abandonar mísseis e lançadores falharam (Mikhail Svetlov/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de junho de 2019 às 12h20.
Moscou — O parlamento da Rússia aprovou nesta terça-feira, 18, a lei para suspender Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), assinado com os Estados Unidos em 1987, durante a Guerra Fria. No último dia 2 de fevereiro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o país abandonaria o tratado de controle de armas nucleares em resposta a decisão do presidente americano, Donald Trump, de deixar o acordo. O Departamento de Estado americano alega que as negociações para obrigar Moscou a abandonar mísseis e lançadores falharam.
Os dois países trocaram acusações de descumprimento do INF e, após contatos infrutíferos entre representantes dos EUA e da Rússia em Genebra e em Pequim, Washington anunciou finalmente em 1º de fevereiro que deixará o tratado em um prazo de seis meses.
Previamente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, tinha dado em dezembro passado um prazo de 60 dias à Rússia para que esta voltasse a cumprir o tratado. EUA e Otan exigiram à Rússia que destrua o míssil de cruzeiro Novator 9M729 (SSC-8, segundo a classificação da Otan), por considerar que supera os 500 quilômetros de alcance.
Por sua parte, a Rússia considerou "inadmissível" o pedido e argumentou que o Novator tem um alcance de 480 quilômetros, o que inscreve-se dentro do tratado. Além disso, a Rússia acusou os EUA de terem começado a preparar o terreno para deixar o INF há quase dois anos, quando começaram os trabalhos para a fabricação de mísseis de curto e médio alcance em uma das suas plantas militares do Estado do Arizona.
Após a aprovação da lei pelo parlamento russo, a expectativa é que o Conselho da Federação a adote no próximo dia 26. A lei outorga a Putin o direito a restabelecer a vigência do tratado se os EUA retificarem sua postura. O Tratado INF, assinado em 8 de dezembro do 1987 e que entrou em vigor em 1º de junho de 1988, pôs fim às tensões existentes pela presença de mísseis soviéticos e americanos na Europa
O documento estabeleceu a destruição de toda uma classe de mísseis, ao proibir as partes criar, testar e instalar mísseis balísticos e de cruzeiro terrestres de alcance médio (de 1.000 a 5.500 quilômetros) e alcance curto (de 500 a 1.000 quilômetros), assim como suas plataformas de lançamento
O pacto foi assinado em dezembro de 1987 pelo presidente Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gorbachev. Pelo tratado, Washington e Moscou destruíram 846 e 1.846 mísseis respectivamente. Eles eram tratados como uma ameaça de guerra nuclear na Europa. Além disso, pelo tempo curto de voo e padrão difícil de detectar, eram mais suscetíveis a acidentes. (Com agências internacionais).