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Remy Sharp
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Rússia adota nova doutrina diplomática sobre o Ocidente

A nova doutrina destaca "a natureza existencial das ameaças (...) criadas por ações de países hostis" e classifica os Estados Unidos como o "principal provocador e líder da orquestra da linha antirrussa"

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Rússia: o documento de mais 40 páginas, por seu conteúdo e tom, assemelha-se à guerra fria (AFP/AFP)

Rússia: o documento de mais 40 páginas, por seu conteúdo e tom, assemelha-se à guerra fria (AFP/AFP)

A Rússia adotou nesta sexta-feira, 31, uma nova doutrina diplomática que desenha o Ocidente como uma "ameaça existencial", cuja "dominação" deve ser combatida.

Esta doutrina formaliza a profunda ruptura entre a Rússia e os países ocidentais desde o início da ofensiva contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, que levou a Otan a se consolidar e expandir, e Moscou, a olhar para China e Índia.

O documento de mais 40 páginas, que, por seu conteúdo e tom, assemelha-se à guerra fria em vários momentos, substitui a versão de 2016 e apresenta a Rússia como defensora do mundo de língua russa.

"A Rússia pretende dar atenção prioritária à eliminação dos vestígios do domínio dos Estados Unidos e de outros Estados hostis nos assuntos globais", determina o documento publicado no site do Kremlin.

"Grandes transformações no cenário da Rússia"

Em uma reunião de seu Conselho de Segurança Nacional, o presidente russo, Vladimir Putin, justificou esta alteração com base nas "grandes transformações no cenário internacional", que obrigam a Rússia a "adaptar seus documentos de planejamento estratégico".

A nova doutrina destaca "a natureza existencial das ameaças (...) criadas por ações de países hostis" e classifica os Estados Unidos como o "principal provocador e líder da orquestra da linha antirrussa", resumiu o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

"De forma geral, a política do Ocidente destinada a enfraquecer a Rússia por todos os meios se configura como um novo tipo de guerra híbrida", acrescentou.

China e Índia, parceiros fundamentais

Os EUA e seus aliados implementaram uma série de sanções econômicas contra a Rússia, que os acusa, por sua vez, de travar uma guerra paralela na Ucrânia, ao entregarem armas a Kiev.

Cada vez mais isolado do Ocidente, o governo de Putin tem tentado se aproximar política e economicamente da Ásia, em especial da China, que considera como uma prioridade nesta nova doutrina.

Com essa estratégia, Moscou enfatiza a importância de "aprofundar as relações e a coordenação com centros globais soberanos de poder e os desenvolvimentos amigáveis situados no continente euro-asiático".

Putin mostrou uma relação de cumplicidade com seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante uma cúpula na capital russa em março e destacou a "natureza especial" das relações entre os dois países.

O vínculo parece, no entanto, cada vez mais desequilibrado a favor da China, devido à crescente dependência da Rússia.

A nova doutrina também dá um lugar importante às relações com a África, onde Moscou reforçou sua presença, entre outros, através do grupo paramilitar Wagner.

Por fim, o documento reforça a Rússia como uma "civilização" que reúne os povos do "mundo russo", conceito que tem sido utilizado pelo Kremlin para justificar a ofensiva na Ucrânia.

Já o presidente russo é apresentado como o símbolo dos "valores tradicionais" da Igreja Ortodoxa diante de sua decadência do Ocidente, o que também se reflete nessa nova doutrina.

De acordo com o documento, é preciso "neutralizar as tentativas de impor princípios ideológicos pseudo-humanistas e neoliberais, que levam à perda da espiritualidade tradicional e dos princípios morais".

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