Reunião com Putin pode ser mais fácil do que cúpula da Otan, diz Trump
Trump afirmou que não vai ser passado para trás pela União Europeia, à qual acusa de não fazer o suficiente para apoiar a aliança transatlântica
AFP
Publicado em 10 de julho de 2018 às 15h26.
O presidente americano, Donald Trump , disse nesta terça-feira (10) que sua reunião com o russo Vladimir Putin pode ser mais fácil do que as que terá com seus aliados europeus, pouco antes de viajar até Bruxelas para uma cúpula da Otan .
"Francamente, Putin pode ser o mais fácil de todos. Quem iria pensar nisso?", disse Trump aos jornalistas antes de embarcar no avião presidencial, referindo-se a seu encontro com o líder russo em Helsinque.
Trump também prometeu "não se deixar ser passado para trás" pela União Europeia, à qual acusa de não fazer o suficiente para apoiar a aliança transatlântica e de se aproveitar dos Estados Unidos em matéria de comércio.
Em Gales, em 2014, os membros da Aliança se comprometeram a aproximar seu gasto militar de 2% do PIB nacional para 2024, um apelo recorrente dos Estados Unidos, e a conter os cortes nas dotações orçamentárias para defesa.
Além dos Estados Unidos, apenas quatro países europeus cumprem essa meta: Grécia, Estônia, Reino Unido e Letônia. Polônia, Lituânia e Romênia poderão fazê-lo em 2018, de acordo com números divulgados nesta terça. Isso significa, no total, oito dos 29 aliados.
Antes de cruzar o Atlântico, Trump voltou a apontar a injustiça para os "contribuintes" americanos que seu país, cujo gasto militar corresponde a dois terços do total da Aliança, pague mais do que seus aliados. "Muito injusto!", tuitou.
A cúpula da Otan, que acontece nesta quinta e sexta-feiras, é realizada em um contexto já tenso entre Washington e seus sócios da UE, mergulhados em uma guerra comercial depois de vários desencontros a respeito do programa nuclear iraniano, do Acordo sobre o Clima de Paris, entre outros pontos de atrito.
Senhor presidente
E, diante de uma Rússia ameaçadora desde a anexação em 2014 da península ucraniana da Crimeia, a UE - por meio do presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk - pediu a Trump que "valorize" seus aliados europeus, que gastam "mais" do que a Rússia em defesa e "tanto" quanto a China.
"Senhor presidente, eu lhe peço que se recorde esta manhã, quando nos reunirmos na cúpula da Otan, mas, sobretudo, quando se reunir com o presidente Putin em Helsinque. Sempre vale a pena saber quem é seu amigo estratégico e quem é seu problema estratégico", acrescentou.
Suas palavras se deram após a assinatura de uma declaração conjunta entre a UE - que tem 22 de seus membros na Otan - e a Aliança, na qual ressaltam que a "defensa coletiva" de seus integrantes passa essencialmente pela organização transatlântica.
Essa referência manifesta um princípio fundador da Otan, o qual Washington foi o único a ativar em quase 70 anos, após os atentados do 11 de Setembro. Esse princípio busca apaziguar os temores da primeira potência militar mundial em relação aos planos de se desenvolver o setor europeu de defesa.
Também preocuparia os Estados Unidos o fato de suas empresas ficarem de fora dos projetos de desenvolvimento de capacidades militares na UE, mas, como indicou recentemente uma fonte diplomática, "o dinheiro dos europeus é para projetos europeus".
Além da cúpula dessa organização criada em 1949 para contrabalançar a influência da então URSS após a Segunda Guerra Mundial, todos os olhares se voltarão para a reunião, em Helsinque, entre Trump e Putin. Para a Otan, Moscou é sua principal ameaça.
Diante do "ameaçador" vizinho do leste, os 29 líderes da Otan devem apoiar na cúpula seu plano "30-30-30-30". Nele, até 2020, a Otan espera conseguir mobilizar, em 30 dias, 30 batalhões, 30 esquadrões aéreos e 30 navios de guerra.