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Reino Unido vê a China como a ameaça à segurança, mas defende laços comerciais

Declaração foi feita nesta segunda-feira pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 20h43.

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O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, alertou nesta segunda-feira, 1º de dezembro, que a China representa "ameaça à segurança nacional" do Reino Unido, mas defendeu a decisão de seu governo de intensificar o diálogo com o país, argumentando que fortalecer os laços comerciais é de interesse estratégico de Londres.

O governo trabalhista de Starmer tem priorizado a melhoria das relações com Pequim, mas essa tarefa tem se mostrado desafiadora, especialmente após as alegações britânicas de espionagem por parte de Pequim.

Em um de seus discursos mais enfáticos sobre sua abordagem à China, Starmer afirmou a líderes empresariais no distrito financeiro de Londres que a relação do Reino Unido com a China sempre foi "volúvel" e, ao longo dos anos, o país passou por uma mudança significativa em sua postura.

O Reino Unido deixou de tentar ser o maior aliado da China na Europa durante a chamada "era de ouro" das relações, para se tornar um de seus críticos mais severos, informou a Reuters.

"Chegou a hora de adotarmos uma postura mais pragmática, rejeitando a ideia de uma escolha binária simplificada – nem a era de ouro nem a era glacial. Precisamos reconhecer que é possível manter uma relação comercial com um país e, ao mesmo tempo, garantir nossa proteção", declarou Starmer.

Episódio de espionagem

A decisão de Starmer de afirmar publicamente que a China representa "ameaças à segurança nacional" segue o arquivamento, em setembro, de um julgamento contra homens acusados de espionagem em favor de Pequim, após o governo se recusar a classificar o país dessa maneira.

Starmer criticou o governo conservador anterior, chamando sua falta de engajamento com a China de "negligência de dever", apontando que, desde 2018, o presidente francês Emmanuel Macron visitou a China duas vezes e os líderes alemães, quatro. Em contraste, a última visita oficial do Reino Unido à China foi de Theresa May, então primeira-ministra, em 2018.

Starmer está se preparando para visitar a China no próximo ano, após viagens de pelo menos quatro ministros do gabinete desde a vitória do Partido Trabalhista nas últimas eleições.

Embora tenha rejeitado a ideia de que a relação com a China seja uma simples troca entre economia e segurança, Starmer destacou que a segurança é "inegociável" e que o principal compromisso de seu governo será proteger o país. "Proteger nossa segurança é nossa prioridade, mas ao tomarmos medidas para garantir essa segurança, podemos criar um ambiente mais favorável à cooperação em outras áreas", afirmou.

O premiê britânico também expressou seu apoio ao fortalecimento dos laços comerciais com a China em setores onde não há riscos significativos à segurança, incentivando empresas a expandirem suas exportações. "Em áreas como serviços financeiros, indústrias criativas, produtos farmacêuticos e bens de luxo – algumas das maiores histórias de sucesso britânicas – as oportunidades de exportação são imensas e nós as apoiaremos", reforçou.

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