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Reforma de sucessão ao trono britânico gera preocupações

Reforma deve ser aprovada pelo Parlamento no dia 22 de janeiro


	Príncipe William acompanha sua esposa Kate Middleton na saída do hospital King Edward VII, em Londres: herdeiro estará sujeito a novas regras
 (REUTERS/Andrew Winning)

Príncipe William acompanha sua esposa Kate Middleton na saída do hospital King Edward VII, em Londres: herdeiro estará sujeito a novas regras (REUTERS/Andrew Winning)

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Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2013 às 17h16.

São Paulo - O filho do príncipe William e de sua esposa, Catherine, ainda não nasceu, mas as novas regras de sucessão que serão aplicadas a este futuro herdeiro (ou herdeira) do trono suscitam certa preocupação entre o 'establishment' britânico.

O príncipe Charles expressou nesta semana suas inquietudes, compartilhadas pela hierarquia eclesiástica e membros da Câmara dos Lordes, sobre as consequências da nova legislação para a monarquia e para a Igreja Anglicana.

Segundo a reforma que o Parlamento deve aprovar no dia 22 de janeiro, o primogênito dos duques de Cambridge, independentemente de seu sexo, será o herdeiro direto de seu pai. De acordo com a norma ainda vigente, uma menina deve dar seu posto a filhos homens e só poderá reinar se não tiver nenhum irmão, como Elizabeth II.

Com a mesma vontade de igualdade, a rainha anunciou recentemente que todos os filhos do casal receberão o título de príncipe ou princesa, e não apenas o primogênito homem.

A mudança dessas regras seculares sobre a sucessão foi adotada pelos dirigentes da Comunidade Britânica de Nações em outubro de 2011, bem antes do anúncio da gravidez de Kate, em dezembro do ano passado.

Contudo, muitos ainda estão receosos com a aproximação da votação no Parlamento sobre essa reforma, que conta com um forte apoio popular e dos principais partidos.


A principal preocupação gira em torno da possibilidade, prevista na reforma, de que um herdeiro da coroa se case com um católico.

Por ora, os sucessores que se casam com católicos devem renunciar a seus direitos ao trono. A proibição remonta a 1701, e não havia nenhuma regra prevista para as outras religiões, como o judaísmo ou o islamismo.

O problema está na possibilidade que a mudança traz para que uma criança criada no catolicismo ascenda ao trono. Isso ainda é proibido, porque o monarca é o "governador supremo" da Igreja Anglicana e "defensor da fé".

Amigos do príncipe Charles indicaram ao Daily Mail nesta semana que o herdeiro do trono e pai de William temia que o governo não tivesse considerado todas as implicações dessa nova legislação e seus efeitos sobre as relações entre o Estado e a igreja oficial.

O primeiro-ministro, David Cameron, negou que haja algum problema, garantindo na quarta-feira aos deputados que a mudança foi "regulamentada e endossada" em "estreita relação" com o palácio de Buckingham.

Contudo, o príncipe Charles não é o único preocupado. Um antigo arcebispo de Canterbury, Lord George Carey, também alertou sobre as "propostas que podem alterar o delicado equilíbrio constitucional".

Os membros da Câmara dos Lordes, a câmara alta do Parlamento, questionaram nesta semana o vice-primeiro ministro Nick Clegg sobre a pressa do governo em adotar a reforma com um único dia de debate sobre o tema.

Lord Peter Goldsmith, ex-assessor legal do governo trabalhista de Tony Blair, destacou que mudar leis seculares é uma "decisão transcendental" e considerou "preocupante" tal urgência.

"Se o tema do (papel do monarca como) defensor da fé é questionado, isso leva à pergunta se a Igreja Anglicana deve ser privada de seu estatuto oficial", alertou um de seus colegas conservadores, Lord Ian Lang.

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