Soldado com a bandeira do Sudão do Sul: combates são acompanhados frequentemente por massacres de caráter étnico (Andreea Campeanu/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de abril de 2014 às 14h27.
Nairóbi - Os rebeldes sul-sudaneses liderados pelo ex-vice-presidente Riek Machar negaram nesta terça-feira terem massacrado centenas de civis em Bentiu (norte) e acusaram pelo crime as tropas governamentais e seus aliados, contra os quais lutam desde dezembro.
A ONU acusou na segunda-feira as tropas leais a Machar pela morte de centenas de civis quando tomaram do exército governamental o controle de Bentiu. Segundo a Missão da ONU no Sudão do Sul (Minuss), os massacres começaram no dia 15 de abril.
A rebelião respondeu nesta terça-feira denunciando acusações sem fundamento e "alegações ridículas elaboradas por (seus) inimigos", ao mesmo tempo em que acusou as forças pró-governamentais de serem "inteiramente responsáveis pelas mortes sistemáticas de civis sul-sudaneses e estrangeiros em Bentiu" e de terem "cometido crimes odiosos ao se retirar".
No dia 15 de abril, as forças pró-Mashar anunciaram que haviam terminado com "as operações de limpeza" e assegurado Bentiu, capital do estado petroleiro de Unidade (norte), e seus arredores.
No mesmo dia, segundo a ONU, massacraram mais de 200 civis refugiados em uma mesquita, depois de selecioná-los por etnias, e mataram mais civis em uma igreja católica.
Em um hospital da cidade mataram também outros civis, incluindo pessoas da etnia dos nuergs - a mesma à qual Mashar pertence e que forma a maior parte de suas tropas - por não celebrarem a entrada na cidade das forças do líder rebelde.
Também foram assassinados moradores de Darfur, região atingida pela rebelião contra Cartum, acusados pelos insurgentes do Sudão do Sul de ajudar o exército sul-sudanês.
Ao conflito no Sudão do Sul, que começou com uma disputa interna entre Kiir e Mashar, se somaram velhas disputas étnicas entre os povos dinka de Kiir e nuer de Mashar, que remontam à guerra civil sudanesa contra Cartum (1983-2005) que levou à independência do Sudão do Sul em julho de 2011.
Os combates, que deixaram milhares de mortos desde a explosão do conflito, no dia 15 de dezembro, são acompanhados frequentemente por massacres de caráter étnico.