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Rebeldes sírios controlam posto na fronteira em Golã

A colina, estratégica e controlada até agora pelo exército sírio, fica na linha de cessar-fogo entre Israel e Síria


	Imagem do lado sírio da fronteira: nos últimos três meses, pelo menos 16 feridos de guerra na Síria cruzaram a fronteira
 (Louai Beshara/AFP)

Imagem do lado sírio da fronteira: nos últimos três meses, pelo menos 16 feridos de guerra na Síria cruzaram a fronteira (Louai Beshara/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2013 às 12h16.

Jerusalém - O Exército sírio retomou nesta quinta-feira o controle da passagem de fronteira de Quneitra, na linha de cessar-fogo com Israel nas Colinas de Golã, que havia sido tomada pelos rebeldes pela manhã, em um novo revés militar para a oposição armada, um dia depois do regime de Bashar al-Assad reconquistar a estratégica Qusayr.

Enquanto os rebeldes recuavam para o sul da colina, as tropas do governo perseguiam os insurgentes que abandonaram Qousseir, bombardeando uma localidade próxima que servia de refúgio para os rebeldes e para centenas de civis feridos.

"O exército sírio retomou o controle da passagem. Há ruídos de explosões de vez em quando, mas muito menos do que pela manhã", afirmou uma fonte dos serviços de segurança israelenses, que pediu anonimato.

Um correspondente da AFP confirmou que as forças sírias retomaram o domínio da passagem e informou ter visto tanques do exército do país circulando pela região.

O exército israelense, por sua vez, havia afirmado que a passagem estava sob controle dos rebeldes e decidiu declarar a zona como setor militar fechado.

A passagem, ocupada por Israel, é utilizada principalmente por habitantes drusos de Golã para estudar, trabalhar e se casar na Síria.

Dois integrantes do corpo de paz da ONU ficaram levemente feridos na zona desmilitarizada das colinas de Golã, segundo um porta-voz dos capacetes azuis, que não explicou se o ataque estava relacionado com a operação do governo sírio.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), organização com sede em Londres, há "violentos combates entre as forças do governo sírio e os rebeldes na cidade velha de Quneitra".

Uma fonte israelense lembrou que "a passagem de Quneitra era, até agora, o único ponto de contato de Israel com a Síria" e que está muito perto do quartel-general da ONU, a Força das Nações Unidas de Observação da Separação (FNUOS), implantado para fazer respeitar o cessar-fogo.


O chefe das operações de paz da ONU, Hervé Ladsous, confirmou os combates na passagem, sem revelar mais detalhes, e destacou que a ONU "redefiniu a posição" de suas tropas para garantir a segurança.

A situação em Golã levou a Áustria a anunciar a retirada de seus 378 soldados presentes na região como integrantes da FNUOS.

Dois sírios feridos foram levados para um hospital de Safed, no norte de Israel, informou um militar israelense.

Israel e Síria estão oficialmente em guerra. Desde 1967, Israel ocupa cerca de 1.200 quilômetros quadrados em Golã, local que anexou, uma decisão que nunca foi reconhecida pela comunidade internacional. Aproximadamente 510 km2 permanecem sob controle sírio.

A vitória militar é mais uma para o regime sírio depois da obtida na quarta-feira com a reconquista, com a ajuda da milícia do Hezbollah libanês, de Qousseir (a 10 km da fronteira com o Líbano).

A Rússia chamou de "êxito incontestável" a reconquista de Qousseir por Damasco.

Para analistas, a tomada de Qousseir deixa Bashar al-Assad em posição de força para a conferência de paz estimulada por Rússia e Estados Unidos, as primeiras negociações diretas, caso realmente aconteçam, na presença de representantes do governo e da oposição.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, anunciou que o regime sírio será representado na conferência internacional, denominada "Genebra 2", pelo ministro das Relações Exteriores, Wallid Muallem. A oposição síria, no entanto, continua em dificuldades para determinar quem integrará sua delegação.

A França informou que transmitiu aos Estados Unidos "todas as informações" que tinha sobre o uso de gás sarin na Síria, após um pedido do secretário de Estado americano, John Kerry, ao chanceler francês, Laurent Fabius.

A violência na Síria deixou mais de 94.000 mortos em 26 meses de conflito e provocou a fuga de mais de cinco milhões de pessoas.

*Matéria atualizada às 12h16

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