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Rebeldes líbios preparam era pós-Kadafi às portas de Trípoli

Oposição se aproxima da capital e já começa a planejar o governo sem o ditador

Os rebeldes se aproximam de Trípoli e governo de Kadafi está perto do fim  (Gianluigi Guercia/AFP)

Os rebeldes se aproximam de Trípoli e governo de Kadafi está perto do fim (Gianluigi Guercia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 17 de agosto de 2011 às 14h31.

Benghazi - Os rebeldes líbios, que já estão às portas de Trípoli, começaram a preparar uma nova era para a Líbia sem a liderança de Muammar Kadafi, publicando nesta quarta-feira sua "declaração constitucional".

A rebelião líbia definiu seu novo roteiro para a fase pós-Kadafi em um documento do qual a AFP obteve uma cópia nesta quarta-feira. Trata-se de uma "declaração constitucional" que prevê a entrega do poder a uma assembleia eleita em um prazo inferior a um ano e a adoção de uma nova Constituição.

Este documento é uma versão modificada e detalhada do roteiro apresentado em março pelo Conselho Nacional de Transição (CNT), o órgão político da rebelião baseado em Benghazi, no leste do país.

Ele contém 37 artigos e descreve em cerca de dez páginas as principais etapas do período de transição que seguirá após a eventual queda de Kadafi.

O CNT se define novamente como "a principal autoridade do Estado (...), é o único representante legítimo do povo líbio e sua legitimidade provém da revolução de 17 de fevereiro". Uma vez realizada a "declaração de libertação", o CNT deixará a capital rebelde, Benghazi, para se instalar em Trípoli.

Paralelamente, os líderes das forças rebeldes se orgulham da aproximação de uma vitória final graças, sobretudo, à tomada de três localidades a 50 km da capital, bastião do regime do coronel Kadafi.

"Entramos em uma fase decisiva, logo liberaremos todo o sul da Líbia. Esperamos festejar a vitória final junto com o final do Ramadã", no fim de agosto, declarou nesta terça-feira Mansur Saif al-Nasr, representante na França do CNT.

Os insurgentes afirmam controlar três cidades: a "maior parte" de Zawiya, 40 km a oeste de Trípoli, Garyan e Sorman, situadas respectivamente 50 km ao sul e 60 km a oeste da capital líbia.

Além disso, a uma dezena de quilômetros a oeste da cidade, os rebeldes controlam boa parte da estratégica instalação de uma refinaria, constatou o representante.

Suas últimas conquistas permitiram aos rebeldes controlar um trecho da estrada costeira e cortar a linha de abastecimento entre Tunísia e Trípoli, essencial para o regime de Kadafi, que enfrenta há seis meses uma rebelião convertida em conflito armado.

Em Brega, no leste, os insurgentes progrediram nos últimos dias e agora controlam quase toda a zona residencial.

Em Trípoli, o porta-voz do regime, Mussa Ibrahim, assegurou que o exército possui o "controle total" de Zawiya e Sorman e está tentando "cuidar da situação" em outras localidades alvos de "grupos armados".

Os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e do Irã, Mahmud Ahmadinejad, denunciaram uma "agressão imperialista" do Ocidente na Líbia e na Síria, segundo um comunicado publicado em Caracas.

Por sua vez, na terça-feira o enviado da ONU para a Líbia, Abdul Ila al-Khatib, concluiu uma visita de 24 horas à Tunísia durante a qual reuniu-se com representantes líbios em um contexto de grande confusão sobre eventuais negociações entre rebeldes e aliados de Kadafi.

Diversas fontes confirmam estas negociações, mas a rebelião as desmentiu categoricamente.

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