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Rebeldes líbios anunciam transferência do governo a Trípoli

Eles estão animados com a decisão da ONU de liberar nos próximos dias 1,5 bilhão de dólares de fundos bloqueados

O líder do CNT, Mustafah Abdeljalil, chegará a Trípoli o mais rápido possível, assim que a situação de segurança permitir, segundo o vice-presidente do órgão (Gianluigi Guercia/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2011 às 08h27.

Trípoli - Os rebeldes líbios anunciaram na quinta-feira a transferência do seu Comitê Executivo, o equivalente ao governo do movimento, de Benghazi para Trípoli, animados com a decisão da ONU de liberar nos próximos dias 1,5 bilhão de dólares de fundos bloqueados.

"Declaro o início do trabalho do Comitê Executivo em Trípoli", disse o vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Ali Tahuni. "Longa vida a uma Líbia democrática e constitucional e glória aos mártires".

Tahuni, ministro do petróleo e economia do governo interino, disse ter feito sua declaração "em nome de Deus, de nossos revolucionários e mártires", em linha com as diretivas do CNT e do Comitê Executivo.

Ele afirmou que o líder do CNT, Mustafah Abdeljalil, chegará a Trípoli o mais rápido possível, assim que a situação de segurança permitir.

Abdeljalil destituiu em 8 de agosto seu Comitê Executivo, que funcionava sob a autoridade do CNT e de seu presidente.

O CNT foi constituído no início de março em Benghazi, depois da revolta em meados de fevereiro contra o regime do coronel Muammar Kadafi nessa cidade do leste líbio.

A destituição ocorreu uma semana depois do assassinato em circunstâncias misteriosas do chefe de Estado maior da rebelião, general Abdel Fatah Yunes.

Tahuni também pediu às forças leais a Kadafi que abandonem as armas e prometeu um tratamento justo.

"Abandonem as armas e podem ir para casa. Não vamos nos vingar. Entre nós e vocês está a lei. Prometo que estarão protegidos", disse.

Na quinta-feira, Estados Unidos e África do Sul chegaram a um acordo para permitir que o Conselho de Segurança da ONU desbloqueie 1,5 bilhão de dólares em ativos congelados à Líbia para financiar uma ajuda de emergência destinada à reconstrução do país.

O acordo de último minuto evitou que os Estados Unidos tivessem de pressionar para levar a decisão a uma votação no Conselho de Segurança e forçar o desbloqueio do dinheiro.

"Há um acordo, não haverá votação e o dinheiro será desbloqueado", disse à AFP um diplomata próximo das negociações.

A África do Sul vinha se opondo à medida de desbloqueio dos ativos líbios no comitê de sanções das Nações Unidas durante mais de duas semanas, argumentando que canalizar o dinheiro através do governo rebelde implicaria reconhecer o CNT.

Nem a África do Sul nem a União Africana reconheceram ainda o governo da oposição líbia, cujos partidários tomaram grande parte de Trípoli no que pode ser a cartada final contra o regime de Muammar Kadafi.

Os 1,5 bilhão de dólares encontram-se nas mãos dos Estados Unidos, que querem enviar 500 milhões a grupos humanitários internacionais, 500 milhões para o CNT para pagar salários e serviços essenciais, e os 500 milhões restantes a um fundo de reserva internacional para pagar o combustível e outros ativos de emergência.

Para a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, os próximos dias e semanas na Líbia serão "críticos" porque "o futuro não está garantido".

"A situação continua sendo instável, mas é claro que a era Kadafi está chegando ao fim, abrindo o caminho para uma nova Líbia, de liberdade, justiça e paz".

"Não pode haver espaço na nova Líbia para vingança e represália. O futuro da Líbia será pacífico apenas se os líderes e o povo se unirem em um espírito de paz".

"O povo líbio fez a revolução e deve seguir seu caminho, mas precisa de nossa ajuda e o futuro da Líbia não está garantido. Há um trabalho considerável pela frente. Os dias e semanas que se aproximam serão críticos".

Kadafi permanece em paradeiros desconhecido e na quinta-feira conseguiu divulgar mais uma mensagem de áudio com uma nova convocação.

"É preciso resistir a estes ratos inimigos, que serão derrotados pela luta armada", declarou o coronel Kadafi em uma gravação divulgada pelo canal via satélite Arrai, sediado na Síria.

"Saiam de vossas casas, libertem Trípoli", reivindicou.

Em seis meses de insurreição contra o regime de Kadafi, morreram "mais de 20.000 pessoas" na Líbia, afirmou Mustafah Abdeljalil, chefe do CNT, que prometeu recompensar, durante a reconstrução do país, as nações estrangeiras que ajudaram a insurgência.

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"Declaro o início do trabalho do Comitê Executivo em Trípoli", disse o vice-presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT), Ali Tahuni. "Longa vida a uma Líbia democrática e constitucional e glória aos mártires".

Tahuni, ministro do petróleo e economia do governo interino, disse ter feito sua declaração "em nome de Deus, de nossos revolucionários e mártires", em linha com as diretivas do CNT e do Comitê Executivo.

Ele afirmou que o líder do CNT, Mustafah Abdeljalil, chegará a Trípoli o mais rápido possível, assim que a situação de segurança permitir.

Abdeljalil destituiu em 8 de agosto seu Comitê Executivo, que funcionava sob a autoridade do CNT e de seu presidente.

O CNT foi constituído no início de março em Benghazi, depois da revolta em meados de fevereiro contra o regime do coronel Muammar Kadafi nessa cidade do leste líbio.

A destituição ocorreu uma semana depois do assassinato em circunstâncias misteriosas do chefe de Estado maior da rebelião, general Abdel Fatah Yunes.

Tahuni também pediu às forças leais a Kadafi que abandonem as armas e prometeu um tratamento justo.

"Abandonem as armas e podem ir para casa. Não vamos nos vingar. Entre nós e vocês está a lei. Prometo que estarão protegidos", disse.

Na quinta-feira, Estados Unidos e África do Sul chegaram a um acordo para permitir que o Conselho de Segurança da ONU desbloqueie 1,5 bilhão de dólares em ativos congelados à Líbia para financiar uma ajuda de emergência destinada à reconstrução do país.

O acordo de último minuto evitou que os Estados Unidos tivessem de pressionar para levar a decisão a uma votação no Conselho de Segurança e forçar o desbloqueio do dinheiro.

"Há um acordo, não haverá votação e o dinheiro será desbloqueado", disse à AFP um diplomata próximo das negociações.

A África do Sul vinha se opondo à medida de desbloqueio dos ativos líbios no comitê de sanções das Nações Unidas durante mais de duas semanas, argumentando que canalizar o dinheiro através do governo rebelde implicaria reconhecer o CNT.

Nem a África do Sul nem a União Africana reconheceram ainda o governo da oposição líbia, cujos partidários tomaram grande parte de Trípoli no que pode ser a cartada final contra o regime de Muammar Kadafi.

Os 1,5 bilhão de dólares encontram-se nas mãos dos Estados Unidos, que querem enviar 500 milhões a grupos humanitários internacionais, 500 milhões para o CNT para pagar salários e serviços essenciais, e os 500 milhões restantes a um fundo de reserva internacional para pagar o combustível e outros ativos de emergência.

Para a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, os próximos dias e semanas na Líbia serão "críticos" porque "o futuro não está garantido".

"A situação continua sendo instável, mas é claro que a era Kadafi está chegando ao fim, abrindo o caminho para uma nova Líbia, de liberdade, justiça e paz".

"Não pode haver espaço na nova Líbia para vingança e represália. O futuro da Líbia será pacífico apenas se os líderes e o povo se unirem em um espírito de paz".

"O povo líbio fez a revolução e deve seguir seu caminho, mas precisa de nossa ajuda e o futuro da Líbia não está garantido. Há um trabalho considerável pela frente. Os dias e semanas que se aproximam serão críticos".

Kadafi permanece em paradeiros desconhecido e na quinta-feira conseguiu divulgar mais uma mensagem de áudio com uma nova convocação.

"É preciso resistir a estes ratos inimigos, que serão derrotados pela luta armada", declarou o coronel Kadafi em uma gravação divulgada pelo canal via satélite Arrai, sediado na Síria.

"Saiam de vossas casas, libertem Trípoli", reivindicou.

Em seis meses de insurreição contra o regime de Kadafi, morreram "mais de 20.000 pessoas" na Líbia, afirmou Mustafah Abdeljalil, chefe do CNT, que prometeu recompensar, durante a reconstrução do país, as nações estrangeiras que ajudaram a insurgência.

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