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Rastro de destruição do tsunami atinge turismo e seguros

Prejuízos causados pelo maremoto na Ásia devem passar dos 10 bilhões de euros

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2011 às 08h38.

O maior terremoto dos últimos 40 anos, que atingiu a raríssima marca de 9 graus na escala Richter, devastou nove países da Ásia, chegou até a África nas gigantescas ondas de um inédito tsunami através do Oceano Índico, causou prejuízos avaliados em pelo menos 10 bilhões de euros e matou, de acordo com as últimas estimativas, quase 100 mil pessoas, deverá ainda provocar abalos em dois setores da economia: turismo e seguros.

Enquanto os corpos ainda eram recolhidos nas praias e resorts, cidades e vilarejos, portos e estradas, ainda não estava claro quanto custaria reconstruir tudo o que foi destruído, nem se isso traria maior estagnação ou dinamizaria a economia da região. Ao contrário do terremoto de Kobe, que atingiu, em 1995, áreas industriais e produtivas do Japão e acabou custando ao país cerca de 100 bilhões de dólares, o tsunami da Ásia devastou sobretudo regiões pobres e não parece ter afetado mais do que portos e resorts turísticos. A cidade de Cingapura, principal centro financeiro da região, foi poupada.

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Segundo informou o porta-voz do Banco Mundial Demien Milverton, a instituição prepara para a região um pacote de auxílio comparável ao enviado à América Central em 1998, depois do furacão Mitch, que custou 5,3 bilhões de dólares e matou 10 mil pessoas. O representante da ONU Jan Egeland afirmou que os custos seriam bem maiores. Um representante da seguradora Munich Re avaliou que os prejuízos serão superiores a 10 bilhões de euros. Todos os especialistas falam em custos de vários bilhões de dólares, mas inferiores aos gerados pelo terremoto de Kobe, que destruiu boa parte da infra-estrutura básica do sudeste japonês. O mais provável é que a conta fique na casa das dezenas de bilhões.

Indonésia, Índia, Sri Lanka, Tailândia e Ilhas Maldivas contavam seus mortos e tentavam restabelecer uma rede de serviços médicos de emergência antes mesmo de fazer as contas. Numa primeira estimativa, o primeiro-ministro estimou os custos de reconstrução em 510 milhões de dólares, cifra considerada tímida por vários especialistas. Nos mercados acionários, caíam os papéis dos dois grupos de empresas mais afetados pela catástrofe.


O primeiro é o turismo. A Tailândia, por exemplo, atrai cerca de 10 milhões de turistas por ano e depende deles para gerar 9% dos empregos e faturar quase 12% do seu produto interno bruto. Uma das regiões mais afetadas pelo maremoto, a ilha de Phuket, é o destino de pelo menos um terço desses turistas, e esta é a semana mais movimentada do ano, com reservas esgotadas meses antes. Depois de um terrorista suicida ter atacado em Bali, em 2002, da epidemia de Sars e da gripe do frango, o turismo tailandês começava a se recuperar.

Agora, ninguém arrisca dizer o que vai acontecer. Operadores turísticos declararam à imprensa americana que ainda esperavam enormes ondas. De cancelamentos. "Já estamos tentando descobrir para onde mandaremos as pessoas", afirmou ao Wall Street Journal Jennifer Wilson, co-COO da Valerie Wilson Travel, uma agência especializada em viagens internacionais de luxo.

Papéis de empresas aéreas, como a Thai Airways e a Singapore Airlines, ou turísticas, como o Club Mediteranée, dono de dois resorts atingidos pelas ondas, despencaram nos mercados acionários. Também foram severamente afetadas as ações das seguradoras, sobretudo aquelas que funcionam como um último recurso do mercado, chamadas resseguradoras. O principal motivo é a incerteza causada pelo desastre. De acordo com Serge Treber, alto executivo da divisão de desastres naturais da Swiss Re, uma das maiores resseguradoras do mundo, nunca o Oceano Índico foi atingido dessa forma. Isso significa que não há um histórico com base no qual possam ser baseadas estimativas de gastos. A Munich Re, outra resseguradora, estimou seus gastos em pelo menos 100 milhões de euros. Na dúvida, o mercado adota a posição mais conservadora.

Mesmo antes dessa catástrofe, o ano de 2004 já era o mais custoso de todos os tempos para a indústria global de seguros, De acordo com o Wall Street Journal, os sinistros já somavam 105 bilhões de dólares, sobretudo em virtude dos furacões da Flórida, tufões e terremotos no Japão. A conta do gasto total das seguradoras com essas perdas já chegava a 42 bilhões de dólares. No ano 2001, quando terroristas destruíram as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York, o custo total para as seguradoras ao longo do ano foi de 37 bilhões de dólares.

Eis o que declarou ao Wall Street Journal o diretor de estratégias de crise da Escola Politécnica de Paris: "Esta catástrofe abre uma nova era porque é o primeiro desastre continental ou global, dado o número de turistas na região. Por sorte os recursos econômicos do mundo desenvolvido foram poupados desta vez. No dia em que Tóquio ou a Califórnia forem atingidos, será tarde demais para aprender".

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