(Mike Hutchings/Reuters)
Vanessa Barbosa
Publicado em 8 de maio de 2018 às 14h20.
São Paulo - Apesar das nações desenvolvidas terem sido, historicamente, as maiores emissoras de gases efeito estufa, os efeitos extremos ligados às mudanças climáticas devem atingir com mais força aqueles que menos contribuíram para isso: os países mais pobres e despreparados.
Segundo um novo estudo publicado na revista Science Advances, para cada grau de aquecimento global, a variabilidade de temperatura aumentará em até 15% no sul da África e na Amazônia, e até 10% na na Índia, no Sudeste Asiático e no Sahel (uma faixa de 500 a 700 km de largura e 5 400 km de extensão entre o deserto do Saara, ao norte, e o Sudão, ao sul).
Enquanto isso, os países do hemisfério norte - muitos dos quais foram os que mais contribuíram para as mudanças climáticas - devem experienciar uma diminuição na variabilidade de temperatura. Para os autores do estudo, trata-se de um “padrão injusto”.
"Os países que menos contribuíram para a mudança climática e têm o menor potencial econômico para enfrentar os impactos estão enfrentando os maiores aumentos na variabilidade de temperatura", disse em comunicado o principal autor do estudo, Sebastian Bathiany, da Universidade de Wageningen, na Holanda.
Dessa forma, eventos climáticos extremos se somam a outros desafios que já pressionam esses países, como a pobreza e as altas taxas de crescimento populacional.
O estudo também revela que a maior parte das variações de temperatura nessas regiões está associada a secas severas, uma ameaça extra ao abastecimento de alimentos e água.
Para o estudo, os pesquisadores analisaram 37 modelos climáticos diferentes que foram utilizados para o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).