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Quem é Safieddine, potencial líder do Hezbollah supostamente alvo de ataques israelenses em Beirute?

Grupo xiita libanês tem sido cauteloso em fazer qualquer anúncio público sobre quem assumirá o comando, já que Israel tem buscado eliminar lideranças da organização

O chefe do Conselho Executivo do Hezbollah, Hashem Safieddine, participa de uma cerimônia do grupo militante xiita apoiado pelo Irã nos subúrbios ao sul de Beirute, em 24 de maio de 2024 (ANWAR AMRO/AFP)

O chefe do Conselho Executivo do Hezbollah, Hashem Safieddine, participa de uma cerimônia do grupo militante xiita apoiado pelo Irã nos subúrbios ao sul de Beirute, em 24 de maio de 2024 (ANWAR AMRO/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 4 de outubro de 2024 às 11h23.

Última atualização em 4 de outubro de 2024 às 11h28.

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Aviões de guerra de Israel lançaram uma série de ataques aéreos nos subúrbios de Beirute na noite de quinta-feira — uma tentativa de atingir Hashem Safieddine, primo e presumido sucessor do falecido líder do grupo xiita Hezbollah, Hassan Nasrallah. O bombardeio foi um dos mais pesados na área desde que o Estado judeu matou Nasrallah, embora ainda não esteja claro se a ofensiva foi bem-sucedida em eliminar Safieddine.

Safieddine lidera o conselho executivo do Hezbollah e faz parte do conselho jihadista, responsável por liderar e organizar atividades militares e de segurança do grupo. Nascido no início dos anos 1960, no sul do Líbano, ele foi um dos primeiros membros da organização xiita. Se juntou à ela logo após sua formação, nos anos 1980, durante a longa guerra civil do Líbano. Ao lado de Nasrallah, desempenhou vários papéis e serviu como líder político, espiritual e cultural, além de, em um momento, liderar as atividades militares do grupo.

Informações biográficas relatadas em veículos de comunicação do Oriente Médio mostram uma ascensão rápida dentro das fileiras do Hezbollah. Em 1995, ele foi promovido ao mais alto conselho do grupo, a Assembleia Consultiva governante, e logo depois foi nomeado chefe do Conselho Jihadi da organização. Apenas três anos depois, em 1998, Safieddine foi eleito para liderar o Conselho Executivo do partido, posição que também foi ocupada duas vezes por Nasrallah, incluindo antes de sua nomeação como secretário-geral do Hezbollah em 1992.

Mas, enquanto no caso de Nasrallah, apoiadores e opositores concordavam que ele era um líder carismático e um orador eloquente, o mesmo não se aplica a Safieddine — por mais que ele tente. Ainda não está confirmado se Safieddine será o escolhido para liderar o Hezbollah após Nasrallah. Ele não está no topo da cadeia de comando, e mesmo dentro do grupo, há opiniões de que ele não é o melhor candidato para liderar. Além disso, o Hezbollah tem sido cauteloso em fazer qualquer anúncio público sobre quem irá assumir o comando, já que Israel tem buscado eliminar o poder e qualquer liderança em potencial do grupo.

Autoridades israelenses disseram ao New York Times que Safieddine estava, no momento do ataque de quinta-feira, participando de uma reunião de líderes seniores do Hezbollah em um bunker sob Dahieh — o bairro onde Nasrallah foi morto num ataque semelhante uma semana atrás. Convocar uma reunião da alta liderança no bairro, depois que Israel já demonstrou repetidamente sua capacidade e disposição para atacar a região, pareceria um grande risco. Mas o grupo provavelmente não tem melhores opções, disse David Wood, analista do International Crisis Group.

"Para explicar isso, é preciso voltar aos ataques aos pagers do Hezbollah", afirmou. "Combinado com a penetração excepcional da inteligência israelense no grupo, isso significa que os líderes do Hezbollah precisam ter mais reuniões presenciais, e para onde mais eles podem ir além de Dahieh?"

O bairro é conhecido por ter profundos bunkers do Hezbollah embaixo dele. Mas esses bunkers foram instalados numa época em que o grupo acreditava que havia uma dissuasão suficiente contra ataques de Israel à sua liderança. “Essa dissuasão evaporou”, reforçou Wood. Não houve confirmação oficial de que Safieddine foi o alvo. Mas o significado deste momento, para o analista, não estava em “eliminar um líder do Hezbollah ou outro”, e sim “eliminar tantos líderes quanto possível de uma só vez”.

"Isso é o que torna este um momento decisivo para o Hezbollah como organização".

Israel bombardeia áreas do sul de Beirute em busca de alvos do Hezbollah

Laços com o Irã

Como Nasrallah, Safieddine estudou no Irã. Ele formou fortes laços com Teerã durante seus estudos religiosos na cidade iraniana de Qom, antes de retornar ao Líbano para trabalhar para o Hezbollah. Esses laços também são profundamente pessoais. Ele era amigo próximo do general Qasem Soleimani, um iraniano que comandava a Força Quds do Corpo de Guardas da Revolução Islâmica até ser morto pelos Estados Unidos em um ataque aéreo em Bagdá em 2020.

Ainda naquele ano, o filho de Safieddine, Reza Hashem Safieddine, casou-se com a filha do general iraniano, Zeinab Suleimani, em um casamento amplamente divulgado. A união foi vista por alguns analistas e críticos como um entrincheiramento do Irã no Hezbollah. O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos descreveu o irmão de Safieddine, Abdallah, como o representante do Hezbollah no Irã.

Safieddine foi designado como terrorista pelos Estados Unidos e pela Arábia Saudita em maio de 2017, devido ao seu papel de liderança no Hezbollah. Na época, o Departamento de Estado o chamou de “líder sênior” no Conselho Executivo do Hezbollah, que supervisiona as atividades “políticas, organizacionais, sociais e educacionais” do grupo. O Departamento também afirmou que Safieddine representava “um sério risco de cometer atos de terrorismo que ameaçam a segurança nacional e a política externa dos Estados Unidos”.

Os EUA designaram o Hezbollah como uma organização terrorista em 1997 e responsabilizam o grupo por múltiplos ataques que mataram centenas de americanos, incluindo os atentados suicidas com caminhões-bomba na embaixada dos EUA e no quartel da Marinha dos EUA em Beirute em 1983, na anexo da embaixada dos EUA em Beirute em 1984, e o sequestro do voo 847 da TWA em 1985.

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