Mundo

Quem é Daniel Noboa, o presidente mais jovem da história do Equador

Muito ativo nas redes sociais, de semblante frio e e poucas palavras, Noboa surpreendeu no segundo turno, vencendo com 52% dos votos a candidata de esquerda Luisa González

Sua proposta mais comentada é a de criar navios-prisões para isolar os presos de suas redes criminosas (MARCOS PIN/AFP)

Sua proposta mais comentada é a de criar navios-prisões para isolar os presos de suas redes criminosas (MARCOS PIN/AFP)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 16 de outubro de 2023 às 10h19.

Última atualização em 16 de outubro de 2023 às 10h44.

Quase um desconhecido na política, Daniel Noboa realizou o sonho frustrado de seu pai milionário de chegar ao poder e tornou-se, neste domingo, 15, o presidente mais jovem da história do Equador aos 35 anos.

Muito ativo nas redes sociais, de semblante frio e e poucas palavras, Noboa surpreendeu no segundo turno, ganhando força com o passar dos dias até vencer com 52% dos votos a candidata de esquerda Luisa González (48%).

"Começamos a trabalhar por esse novo Equador amanhã (...) para reconstruir um país que foi gravemente afetado pela violência, corrupção e ódio", disse o novo presidente de sua residência em Olón (sudoeste), onde recebeu a imprensa.

Com a vitória, Noboa quebrou a sequência de derrotas de seu pai, que tentou a presidência em cinco ocasiões sem sucesso.

Além disso, deu um novo golpe no ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), antigo inimigo de seu pai, Álvaro Noboa e que pretendia voltar ao poder na figura de sua herdeira política González.

Com formação em prestigiadas universidades estrangeiras, o novo presidente se define como de centro-esquerda, embora seja apoiado por forças de direita. Ele é sommelier, tem conhecimentos musicais, tentou ser vegetariano, coleciona pimentas e é apaixonado por carros e cavalos, de acordo com sua equipe de imprensa.

"Talvez me matem"

Noboa aprendeu participando dos bastidores das campanhas eleitorais de seu pai, que em 2006 mediu forças nas urnas com o então pouco conhecido Correa. Naquela ocasião, o socialista obteve 57% dos votos válidos e permaneceu no poder por uma década.

Como herdeiro de um capital político, Noboa não demonstra o mesmo histrionismo de seu pai, que se ajoelhava com uma Bíblia na mão pedindo votos dos equatorianos.

Com uma figura atlética e jovial, Noboa se afastou do espetáculo no palco e, com um colete à prova de balas, concentrou-se nas novas gerações. Poucos dias antes do segundo turno, tornou-se tendência com bonecos de papelão em tamanho real com sua imagem.

Ele se recuperou da impopularidade no início do primeiro turno, quando todas as pesquisas o colocavam em último lugar.

"Houve momentos de ansiedade, quando você vê que os números ainda não estão a seu favor (...) e momentos difíceis, quando matam um de seus oponentes, e você pensa 'bem, estou dizendo coisas semelhantes a ele, talvez me matem também'", disse em entrevista à AFP.

Dias antes do primeiro turno em 20 de agosto, o candidato Fernando Villavicencio foi morto a tiros ao sair de um comício em Quito.

O assassinato aumentou o terror em um país assolado pela violência de inúmeras gangues do narcotráfico. Entre 2018 e 2022, a taxa de homicídios quadruplicou para 26 por cada 100.000 habitantes.

Em "guerra"

A única aparição política de Noboa foi como deputado no Congresso que o presidente Guillermo Lasso dissolveu em maio para dar lugar a eleições antecipadas. Na época, ele liderou a Comissão de Desenvolvimento Econômico.

Durante o período de dois anos como deputado, Noboa foi questionado por um suposto conflito de interesses ao financiar do próprio bolso a viagem de sete deputados à Rússia, um dos principais destinos das bananas produzidas pela empresa familiar. A viagem ocorreu após a invasão russa da Ucrânia, rejeitada por Quito, o que intensificou as críticas. Seus inimigos também o acusam de evasão fiscal.

Noboa foi o primeiro a registrar sua candidatura para as eleições no Equador em nome da aliança Ação Democrática Nacional (ADN).

O presidente eleito afirma que o Equador está vivendo "uma guerra". "Precisamos ser firmes se quisermos salvar este país dessa insegurança", argumenta.

Sua proposta mais comentada é a de criar navios-prisões para isolar os presos de suas redes criminosas. Ele também pretende criar incentivos fiscais e créditos baratos para pequenos empresários.

Noboa governará até completar o mandato que era de Lasso, embora não descarte buscar a reeleição em 2025.

O novo presidente estudou Administração de Negócios na Universidade de Nova York e obteve um mestrado em Administração Pública na Harvard Kennedy School. Ele também possui um mestrado em Governança e Comunicação Política na Universidade George Washington.

Ele é casado com Lavinia Valbonesi, uma influenciadora em questões de nutrição, com quem tem um filho e espera outro. De seu primeiro casamento, tem uma filha.

Aos 18 anos, ele criou sua primeira empresa dedicada à produção de eventos. Mais tarde, se juntou à Corporação Noboa, a grande empresa da família, como diretor das áreas marítima e comercial.

Acompanhe tudo sobre:Equador

Mais de Mundo

Macron pede interrupção de envio de armas a Israel para uso em Gaza

Guerra no Oriente Médio: 229 brasileiros resgatados no Líbano serão recebidos por Lula

Israel afirma estar preparando resposta ao Irã e faz novos bombardeios no Líbano

Voo de repatriação de brasileiros no Líbano chega ainda hoje em Beirute, diz FAB