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Quem é a vovó que está no corredor da morte na Indonésia

Presa em 2012 com 4,7 quilos de cocaína em Bali, Lindsay Sandiford, 58 anos, corre contra o tempo para levantar dinheiro para a sua defesa

Lindsay Sandiford durante julgamento na Indonésia: ela foi condenada à morte por tráfico de cocaína (©afp.com / Sonny Tumbelaka)

Lindsay Sandiford durante julgamento na Indonésia: ela foi condenada à morte por tráfico de cocaína (©afp.com / Sonny Tumbelaka)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 8 de maio de 2015 às 10h19.

São Paulo – Ela foi presa em maio de 2012 com 4,7 quilos de cocaína em uma mala ao desembarcar em Bali, Indonésia. Agora, dois anos depois de condenada à pena de morte, a britânica Lindsay June Sandiford, 58 anos de idade, corre contra o tempo para levantar dinheiro para a sua defesa e assim tentar escapar de sua execução, que ainda não tem data para acontecer.

Nesta semana, Lindsay escreveu até para o ator Russel Brand, conforme informou o jornal britânico The Independent. Brand, ex-viciado em heroína, divulgou no YouTube um vídeo dias antes da última rodada de fuzilamentos realizada pelas autoridades da Indonésia, e na qual foi morto o brasileiro Rodrigo Gularte, apelando para que os presos fossem poupados.

Além disso, Brand acusou o presidente Joko Widodo de estar sacrificando vidas humanas para encobrir o fato de que seu país depende economicamente do tráfico internacional de drogas.

No final de abril, depois da execução de membros do Bali 9, como era conhecido o grupo de australianos presos ao tentar entrar na Indonésia com de 8 quilos de heroína, Lindsay se tornou a última prisioneira condenada à morte em Kerobokan, prisão na qual estavam os brasileiros Gularte e Marco Archer e outros estrangeiros condenados por tráfico.

Caso

A história de Lindsay é complicada, com reviravoltas dignas de filmes de ação. Mãe de dois filhos, avó há alguns anos e portadora de uma doença mental não divulgada, a britânica é de uma cidade na região de North Yorkshire, a cerca de 320 quilômetros de Londres, e trabalhou anos em um escritório de advocacia. Tempos depois, mudou-se para a Índia.

Detalhes sobre a sua vida pessoal nesta época são obscuros. Contudo, de acordo com o The Guardian, sabe-se que Lindsay estava em Bangkok, Tailândia, quando concordou em levar a tal mala para Bali, Indonésia. Sua justificativa para o ato foi a de que sua família, que vivia no Reino Unido, estaria sendo ameaçada pelo traficante líder deste esquema.

Após sua prisão, ela revelou quem eram os donos das drogas e topou participar de uma operação para desmascará-los. Seus nomes eram Rachel Dougall e Julian Ponder, um casal britânico conhecido como “os reis de Bali” por conta do estilo de vida luxuoso que levavam, e outro britânico chamado Paul Beales.

Os três foram presos, mas negaram as acusações e alegaram ter sido vítimas de uma armação de Lindsay. Dias depois, contou o The Daily Mail, o caso do tráfico de drogas contra o trio foi por água abaixo, pois os policiais não conseguiram provar o vínculo entre eles.

Dougall foi condenada a um ano de prisão por posse de cocaína, Beales recebeu uma pena de quatro anos por posse de haxixe e Ponder, em tese o líder deste grupo, foi condenado a seis anos de cadeia por posse de cocaína. Lindsay, em contrapartida, terá de encarar o pelotão de fuzilamento, apesar de a promotoria do país ter recomendado que ela cumprisse 15 anos devido a sua idade.

Mas a novela que envolve o caso não para por aí. 

Durante o julgamento de Lindsay, Jennifer Fleetwood, especialista em tráfico internacional de drogas, foi chamada pela defesa para dar a sua opinião profissional. Em seu testemunho, cujo teor foi divulgado pelo The Guardian, declarou ser provável que ela tenha sofrido ameaças e que, por conta da sua vulnerabilidade, Lindsay seria o alvo ideal de traficantes.

Jennifer explicou que mulas, como são chamadas as pessoas que transportam narcóticos, aceitam participar destes esquemas por dinheiro. Muitas vezes, contudo, são obrigadas a fazê-lo por ameaça dos criminosos, situação na qual não levam sequer um centavo. “Às vezes nem sabem o que carregam”, contou ela em entrevista ao The Huffington Post.

Mr. Big

Ponder parece ser um homem poderoso. No início deste ano, o The Daily Mail trouxe à tona novas informações sobre a sua vida, após uma longa entrevista com o próprio. Seu apelido em Bali é “Mr. Big” (que pode ser traduzido como “o grande”) e Ponder contou ainda ter tido um relacionamento com Alys Harap, a diplomata britânica encarregada do apoio aos presos.

Depois que o caso veio à tona, Alys foi suspensa e, pouco antes, havia cessado suas visitas à prisão. Na visão da defesa de Lindsay, o fato trouxe consequências para o seu caso, uma vez que ela teria ficado sem o apoio diplomático adequado.

Em 2013, um jornalista da publicação o visitou na cadeia e relatou que Ponder tinha um funcionário lá dentro, que era responsável por executar tarefas em seu nome. Na cadeia, é chamado de “Rei do Hotel K”, uma referência irônica ao seu estilo de vida no local.

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